Dia de Proteção à Floresta: ambientado no Pará, game e livro ensinam educação ambiental de forma lúdica


Conceitos como crise climática, sustentabilidade e aquecimento global são abordados em programa educativo gratuito voltado ao público infanto-juvenil do Pará. Conceitos como crise climática, sustentabilidade e aquecimento global são abordados em programa educativo gratuito voltado ao público infanto-juvenil do Pará
Fátima Carvalho/Olhar Cidadão
Todo ambientado no Pará, um programa inédito de educação ecológica chega às plataformas digitais. Voltado para o público infanto-juvenil, o projeto traz livros, cartilhas e games que buscam envolver a molecada na missão de preservar o meio ambiente. “Crise climática também é assunto de criança”, diz Amanda Purger, coordenadora do Programa de Educação Ambiental Paragoclima (PEAP), que chega às escolas públicas de Paragominas, sudeste do Pará, para formar milhares de estudantes, que serão agentes multiplicadores em defesa da Amazônia. O material também está disponível nas plataformas digitais para ser acessado de forma gratuita por alunos e educadores do ensino fundamental de todo estado.
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No Dia Mundial de Proteção à Floresta, celebrado nesta quarta-feira (17), o g1 conta sobre os esforços de pedagogos e ambientalistas para semear nas novas gerações do município – que já foi um dos piores desmatadores do Pará – a importância de adotar boas práticas de produção e consumo, que estejam mais equilibradas com a preservação da floresta.
O programa de educação ambiental leva à rotina de aprendizado de crianças e adolescentes temas como aquecimento global, sustentabilidade e desenvolvimento de baixo carbono. O PEAP vai alcançar diretamente cerca de oito mil alunos da rede pública municipal cujas equipes pedagógicas receberão material impresso. São alunos de comunidades quilombolas, aldeias indígenas e zonas rurais que começam a se conectar a questões-chave de educação ambiental na Amazônia, centro do debate mundial sobre crise climática.
“Paragominas é um município em infância e a juventude tem uma presença maior do que a média brasileira. Nada menos que 25% da população da cidade está nesta faixa etária de até 14 anos. É preciso enxergar isso como um bônus demográfico favorável pra criar desde cedo uma cultura de responsabilidade socioambiental nesse território”, destaca a pedagoga Sheila Ceccon, especialista que integra o time que desenvolveu o programa educacional. Referência na área de educação socioambiental, Sheila é engenheira agrônoma, especialista em Horticultura pela Universidade de Pisa-Itália, mestre em Ensino e História de Ciências da Terra pelo Instituto de Geociências da UNICAMP-SP, e coordenadora do Instituto Paulo Freire.
Ciência, linguagem acessível e ludicidade para aprender sobre meio ambiente
Divulgação/Paragoclima
“A intenção é que as crianças e jovens, com um papel central, levem para dentro de suas casas tudo o que aprenderem no programa sobre desenvolvimento de baixo carbono. A ideia é que toda a comunidade escolar possa entender o valor de uma relação harmoniosa com o meio ambiente nas atividades produtivas ou de consumo, dando exemplos de saber viver bem na Amazônia”, diz Amanda Purger.
O material é composto por livro voltado aos educadores, com a temática de Mudanças Climáticas e Desenvolvimento de Baixo Carbono, que traz conceitos e atividades pedagógicas adequados à faixa etária das turmas do Fundamental I e II; além de um jogo de trilha sobre essa temática; um pôster com estímulos para melhor compreensão do papel de cada um no âmbito das Mudanças Climáticas e do Desenvolvimento de Baixo Carbono. Além disso, há cartilhas sobre a validação do CAR (Cadastro ambiental rural e combate ao desmatamento e queimadas).
Parceria entre a Secretaria Municipal de Educação e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Paragominas, o material conta com coordenação editorial da Olhar Cidadão, Fátima Falcão e Marcelo Nonato, empresa especialista em consultoria responsabilidade social e da sustentabilidade; apoio pedagógico de Eni Monteiro, Sheila Ceccon, Victor Assuar Pannucci; e coordenação geral Amanda Purger e Rene Poccard Chapuis, pesquisador francês coordenador do Terramaz, integrante do programa Paragoclima.
Game ensina conceitos de meio ambiente e incentiva o protagonismo das futuras gerações na proteção da floresta
Divulgação/Paragoclima
Game
Em formato de jogo de tabuleiro, o game “Trilha do Bem Viver” traz curiosidades e paisagens locais, além de ser interativo ao oferecer diversas indicações de vídeos e livros sobre meio ambiente, conteúdos que podem ser acessados por meio dos QR Code que levam ao site do programa Paragoclima.
Com uma abordagem transdisciplinar e interdisciplinar, o projeto propõe conteúdos que atravessam as diferentes áreas do conhecimento, como Língua Portuguesa, Arte e Educação Física, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas, trazendo para o universo escolar questões que surgem a partir da comunidade e afetam a vida em sociedade.
“O jogo leva a uma experiência colaborativa que pode resumir o que se chama de ‘saber viver na Amazônia’, quando destaca aspectos de uma convivência harmoniosa entre a população e o seu ambiente”, diz Sheila Ceccon.
Aliando ciência, linguagem acessível e ludicidade, o PEAP objetiva estimular uma visão de futuro comum, baseada em benefícios sociais, econômicos e ambientais para todos e na busca de cada um por melhoria da qualidade de vida no lugar em que mora.
“Do jeito como muitas atividades humanas foram desenvolvidas até agora – tornando o solo improdutivo, esgotando recursos naturais, causando a extinção de diferentes espécies, usando o fogo para o plantio, matando nascentes ou derrubando florestas – não haverá meios para sustentar um planeta saudável. E quem não quer viver em um lugar com menos resíduos, menos enchentes e outros desastres climáticos, com mais verde e mais saúde para todas as pessoas?”, destaca René Poccard Chapuis.
Programa desenvolve livros e games de educação ambiental
Futuro sustentável
O lançamento do programa de educação ambiental busca superar o passado de desmatamento ambiental de Paragominas e caminhar rumo a uma meta ambiciosa: o município quer alcançar a neutralidade da emissão de carbono até 2030.
O jogo começou a virar em 2008, quando Paragominas entrou na lista de municípios prioritários para frear o avanço do desmatamento no Brasil. Naquele ano, 63,2 quilômetros quadrados foram desmatados na cidade, segundo dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (PRODES). As taxas se mantiveram controladas a partir de 2010 e, em 2023, chegaram a 31,59 km² – quase a metade dos índices registrados anteriormente.
Destaque na COP 28, em Dubai, as conquistas de Paragominas, cidade de pouco mais de 100 mil habitantes localizada no sudeste do Pará, distante 300 quilômetros de Belém, ilustram uma mudança de matriz econômica e de realidade ambiental. A nova fase do município se dá no momento em que o mundo debate mudanças climáticas e se volta aos cuidados com a Amazônia, sede da COP em 2025.
Política pública para promoção do desenvolvimento sustentável lançada há apenas um ano, em maio de 2023, o Paragoclima tem como principal meta a neutralidade das emissões de carbono e desmatamento ilegal zero a ser alcançado até 2030. Com essa iniciativa inovadora, Paragominas se coloca como referência de economia produtiva para o bioma amazônico frente ao desafio das mudanças climáticas.
Para que as emissões de carbono sejam neutralizadas até 2030, o Paragoclima atua em cinco eixos: atividades produtivas sustentáveis; monitoramento e controle ambiental; ordenamento ambiental e territorial; instrumentos normativos e econômicos; sociedade e conhecimento.
Serviço
Acesse jogos, cartilhas e livros do Programa de Educação Ambiental Paragoclima (PEAP): https://paragoclima.com.br/
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