Pipas na fiação elétrica deixam mais de 49 mil endereços sem energia no ES; casos aumentam nas férias


Foram 232 ocorrências nos primeiros seis meses de 2024, e período de férias de julho acende alerta para aumento de casos e até acidentes. Ocorrências de acidentes com pipas aumentam no período das férias escolares
Rafael Aleixo/g1
No primeiro semestre de 2024, mais de 49 mil endereços ficaram sem energia no Espírito Santo devido a pipas enroscadas na fiação elétrica. Ao todo, foram 232 ocorrências durante o período, sendo 44 somente em junho. A expectativa, de acordo com a concessionária de energia, é que os casos dobrem em julho, devido às férias escolares. Além disso, há riscos de acidentes.
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Os quase 50 mil endereços incluem diferentes tipos de unidades consumidoras, como residências, comércios e indústrias, em 70 das 78 cidades do estado, todas em área de concessão da EDP, responsável pelo levantamento.
Segundo os dados, 80% dos clientes que tiveram o fornecimento de energia interrompido por esse motivo estavam na Grande Vitória.
Ocorrências de acidentes com pipas aumentam no período das férias escolares
Divulgação/Equatorial
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Vila Velha foi a cidade mais impactada no período, com 17.993 clientes sem energia, seguida pelo município da Serra, com 11.370 unidades consumidoras afetadas.
Na Região Norte do estado, 2.602 clientes ficaram sem energia, sendo Linhares a principal cidade afetada. Já no Sul, Cachoeiro de Itapemirim e Guaçuí lideram o ranking de localidades mais atingidas, com 1.638 e 1.034 ocorrências, respectivamente.
“O transtorno provocado por uma pipa que atinge a fiação é muito grande, podendo deixar hospitais, escolas, residências e empresas sem energia. Além disso, há o risco de ferimentos graves e até de morte para quem pratica esta brincadeira sem o cuidado com a segurança. Essa é uma das atividades preferidas das férias, e as ocorrências em julho dobram quando comparado aos demais meses do ano, já que o clima é mais favorável pela prática”, destaca o gestor da EDP, Filipe Lima.
Pipa presa em poste em meio aos fios elétricos
Divulgação
De acordo com Filipe, no caso de uma pipa ou linha tocar uma fiação, a primeira orientação é de segurança, que é não tentar fazer a retirada do mesmo.
“Os fios mais altos de um poste – que é onde normalmente a pipa encosta e onde fica a parte mais perigosa -, têm uma quantidade de energia na casa de 14 mil volts. Então, no caso de qualquer curto-circuito, é a alta tensão que vai estar exposta às pessoas. […] A linha pode provocar a aproximação dos fios, que não precisam nem se tocar para provocar um curto-circuito. No caso de presença de cerol, cortante, a linha pode cortar o fio e esse fio cair energizado ao solo, podendo provocar um choque ou até a morte”, disse o gestor.
Cidades mais afetadas no primeiro semestre
Há quatro anos, o estudante Nycholas Reis, hoje com 13 anos, teve parte do corpo queimada tentando tirar uma pipa de fios em um poste, em Vitória. De acordo com a tia do jovem, a fisioterapeuta Sheila Assunção, Nycholas se recuperou do acidente sem sequelas.
“Graças a Deus, né? Ele não ficou com sequela nenhuma, só mesmo a cicatriz. Foram 17 dias de internação. Hoje, ele não brinca mais de pipa não. Ele mesmo que não quis mais, prefere andar de bicicleta, fazer outras atividades”, disse a tia.
Soltar pipa vira esporte no ES, mas prática gera impasse sobre uso de cerol na linha; entenda
Na época, o menino estava soltando pipa quando o brinquedo agarrou em um poste. O menino pegou um pedaço de madeira que era recoberto por alumínio para tentar soltar o item. Quando segurou a rabiola, aconteceu a descarga elétrica, que entrou pelo braço e saiu pela coxa.
O menino teve queimaduras de terceiro grau, além disso, com a queda do terraço onde estava, sofreu um coágulo na cabeça e arranhões na cabeça e nas costas, e precisou passar por cirurgia.
Apenas a equipe treinada deve remover pipas ou linhas enroscadas em fios.
jcomp/Freepik
Filipe Lima reforçou que no caso de linha ou pipa na fiação, a orientação é não tentar removê-la, e a concessionária deve ser informada somente se houver cabos no solo ou a identificação de alguma situação de risco.
“Equipamentos fazem o monitoramento 24 horas da rede elétrica, linhas de transmissão e as suas subestações de energia. Quando detectada alguma anormalidade, por meio do Centro de Operação, é possível realizar remotamente a transferência automática da carga ao isolar o ponto de falha na distribuição. Em casos mais graves, é feito o contato direto com as equipes de campo para reparo in loco”, explicou.  
O total de clientes impactados e de ocorrências, apresentou uma pequena redução em relação ao primeiro semestre de 2023:
1º semestre de 2024
232 ocorrências
49.749 clientes impactados
1º semestre de 2023
345 ocorrências
62.708 clientes impactados
Segurança para evitar acidentes
Ocorrências de acidentes com pipas aumentam no período das férias escolares.
Reprodução/RBS TV
A capitão do Corpo de Bombeiros, Carla Andresa Silva, confirmou que para a corporação, julho também é um mês em que aumentam os chamados relacionados a ocorrências com pipa. A brincadeira é saudável e pode ser incentivada, mas existe uma forma de brincar mais segura.
“As ocorrências aumentam por causa das férias, mas mais agora do que em janeiro, porque os ventos costumam ficar mais fortes de agora até setembro. E é quando a gente costuma ver as praias e campos mais cheios com essa prática”.
A capitão reforça que o perigo aumenta quando são utilizadas linhas cortantes.
“O maior perigo é quando se usa linhas que não são apropriadas e proibidas, como a de cerol – de vidro e cola -, e a chilena – que tem metais mais fortes como quartzo e alumínio, e o poder de corte cinco vezes maior que o cerol. Isso pode provocar acidentes com as próprias crianças, com pessoas que circulam no entorno, motociclistas e ciclistas. Sem contar o risco de choque, porque elas são capazes de cortar fios elétricos, e ainda o risco de queda ou atropelamento, porque às vezes a criança fica tão vidrada na pipa que sai correndo, sobe em algum lugar e o acidente acontece”, alertou.
Para Andresa, o ideal é usar a linha em local seguro e os pais e adultos devem orientar os menores sobre a prática.
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Orientações:
Risco de choque: pipas que entram em contato com os fios elétricos podem causar choques graves e até acidentes fatais.  
Desligamento de energia: o contato da pipa com a rede elétrica pode provocar interrupções no fornecimento de energia, afetando a comunidade.
O “cerol” e a “linha chilena” são proibidos e aumentam o risco de acidentes. Ao cortar a camada protetora da fiação, a linha interrompe a transferência de corrente elétrica, podendo provocar curto-circuito.
Solte pipas em espaços abertos, longe de postes e cabos elétricos, como parques e campos.  
Empinar pipas perto de vias de grande circulação de veículos pode ser perigoso para quem está brincando e para terceiros, pois a linha da pipa pode ferir ciclistas e motociclistas, além do risco de atropelamento.
Se a pipa ficar presa nos fios, não tente soltá-la. Nunca use varas nem suba em postes, muros ou lajes para tirar uma pipa. Somente técnicos da Distribuidora são treinados para manusear a rede.  
Crianças devem ser sempre supervisionadas por adultos enquanto brincam. 
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