Delegada vira ré e é afastada da função por acumular 380 investigações e não trabalhar em delegacia no interior de Roraima


Titular da delegacia de Caracaraí, a delegada Rozane Maria Widmar vai responder criminalmente por prevaricação e por deixar de responder ao Ministério Público acerca de procedimentos. Rozane Maria Widmar era titular da delegacia de Caracaraí, no Sul de Roraima
Polícia Civil/Divulgação/Arquivo
A delegada titular da delegacia de Caracaraí Rozane Maria Widmar, de 57 anos, virou ré e foi afastada da função sob a acusação de não trabalhar como deveria e não dar andamento a investigações no município que fica no Sul de Roraima. A Justiça aceitou denúncia contra ela com base numa denúncia do Ministério Público divulgada nesta terça-feira (16).
Rozane Widmar acumulou ao menos 380 investigações na Delegacia de Caracaraí entre os anos de 2020 a 2022, quando o MP passou a investigá-la. Na denúncia, o órgão citou que os procedimentos estavam parados “sem a realização de diligências conclusivas e/ou mera solicitação de prazo para continuidade das investigações.”
A delegada, que deveria ser responsável por investigar crimes, agora é ré pelos crimes de prevaricação, que ocorre quando ocorre quando um funcionário público deixa de exercer a função, além de recusa, retardamento e omissão de dados técnicos indispensáveis para a atuação do MP em ação civil pública.
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A delegada ré foi procurada pela reportagem, mas não enviou resposta até a última atualização da reportagem.
A Polícia Civil e a Associação dos Delegados de Polícia Civil (Adepol) também foram contados pelo g1, mas ainda não se manifestaram sobre o assunto.
De 2022 até 2024, ela cometeu estes dois crimes reiteradas vezes, conforme a denúncia. Para o MP, a conduta da delegada neste período produziu a sensação de aumento da criminalidade e de insegurança na cidade.
Além de torná-la ré por crimes contra a administração pública, a juiza Noêmia Sousa, da Comarca de Caracaraí, determinou medidas cautelares como: ela deve comparecer a cada três meses em juízo, não manter contato com testemunhas do processo e não se ausentar do estado por mais de 15 dias.
“Não bastasse a negligência na condução dos procedimentos investigativos, anteriormente retratada, durante os anos de 2022 e, sobretudo, em 2023, foi verificado que a denunciada não desempenhava regularmente as funções inerentes ao cargo de Delegado de Polícia Civil, de forma presencial na Delegacia em Caracaraí”, menciona trecho da denúncia do MP protocolada na Justiça.
Ao afastá-la da função de delegada, a juíza entendeu que a medida seria necessária para evitar que novos crimes fossem cometidos.
“Suspensão do exercício das funções inerentes ao cargo público de Delegada de Polícia Civil do Estado de Roraima, na medida em que há justo receio de sua utilização para a prática de novos crimes contra a Administração Pública, verificado que a representada, Rozane, reitera em condutas ilícitas, omitindo-se ao cumprimento dos seus deveres funcionais, vilipendiando os princípios constitucionais administrativos e o direito fundamental à segurança pública”, cita trecho da decisão.
A delegada, além de não responder aos inúmeros ofícios enviados pelo Ministério Público, também foi responsável pela soltura de vários réus presos pela prática de crimes graves porque não concluiu procedimentos investigativos dentro do prazo máximo legal.
Em caso de condenação da delegadas, as penas máximas somadas pelos crimes praticados chegam a 18 anos de prisão, além do pagamento de multa, segundo o MP.
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