Entenda ponto a ponto como será o tratamento oferecido à jovem com a doença que causa a ‘pior dor do mundo’


Após cinco dias na UTI, Carolina Arruda, que tem neuralgia do trigêmeo, assinou o protocolo que será aplicado ao caso dela; todo tratamento deve ser realizado de forma gratuita. ‘Feliz e esperançosa’, disse a estudante. Após deixar a UTI, Carolina Arruda retornou para o quarto da Santa Casa de Alfenas
Carolina Arruda/Arquivo pessoal
Carolina Arruda, de 27 anos, que tem neuralgia do trigêmeo – doença que causa a “pior dor do mundo” –, assinou o protocolo de tratamento que será aplicado ao caso dela, na tentativa de minimizar as dores que ela sente desde os 16 anos. Veja ponto a ponto do tratamento abaixo.
Carolina acordou na segunda-feira (15), após ficar sedada por cinco dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ao retornar para o quarto da Santa Casa de Alfenas, onde está internada desde a semana passada, ela conversou com o g1 e disse que estava sem dores no momento.
“Estou feliz e esperançosa. É uma experiência inédita em mais de uma década da minha vida”, afirmou.
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Ponto a ponto do tratamento
O médico responsável pelo tratamento de Carolina é o diretor clínico da unidade hospitalar no Sul de Minas e presidente da Sociedade Brasileira para os Estudos da Dor (SBED), Carlos Marcelo de Barros.
Segundo ele, Carolina não terá nenhum custo durante o tratamento e toda equipe médica envolvida direta e indiretamente não receberá honorários.
O médico pontuou que, após a exposição de todas as opções terapêuticas à paciente, com explicação dos riscos envolvidos e das possibilidades de melhora clínica, foi estabelecido o seguinte plano terapêutico:
Implante de neuroestimuladores na medula espinhal e no Gânglio de Gasser (origem facial do nervo trigêmeo). Este procedimento será realizado após confirmação com um bloqueio teste (injeção de pequena quantidade de anestésico local próximo ao nervo para confirmação efetiva da origem da dor). A depender da resposta ao bloqueio teste do gânglio de Gasser se discutirá com a paciente, pesando os riscos e benefícios, se decidirá por reabordagem a esquerda ou neuromodulação de gânglio de Gasser.
Se o implante de neuroestimuladores não proporcionar alívio suficiente da dor para melhorar a qualidade de vida da paciente, a opção terapêutica será o implante de bomba de infusão intratecal de fármacos, um dispositivo implantado no abdômen da paciente que, através de um cateter colocado diretamente no sistema nervoso central, infunde medicamentos analgésicos diretamente no alvo terapêutico.
Se, mesmo com as terapias implantáveis, não houver alívio satisfatório, a paciente poderá ser submetida a uma nova abordagem cirúrgica de descompressão vascular do nervo trigêmeo, compressão está evidenciada novamente por exame de ressonância magnética nuclear que mostra: alça vascular da artéria cerebelar superior tocando o segmento cisternal dos nervos trigêmeos bilateralmente, associado a leve hipersinal à esquerda.
Por fim, caso nenhuma das opções anteriores seja capaz de trazer alívio e qualidade de vida à paciente, será realizado um procedimento neurocirúrgico de nucleotractomia trigeminal, que tem como objetivo interromper cirurgicamente a transmissão sensitiva do nervo trigêmeo.
A história de Carolina
Jovem que tem doença com a pior dor do mundo relata rotina
Carolina Arruda mora em Bambuí, no Centro-Oeste de Minas Gerais, e é estudante de medicina veterinária.
Casada há três anos e mãe de uma menina de 10, Carolina começou a sentir as dores aos 16 anos, quando estava grávida e se recuperava de dengue.
“A primeira dor veio quando estava sentada no sofá da casa da minha avó, tinha acabado de me recuperar de uma dengue. Era uma dor forte, fora do comum. Eu gritava e chorava. Tentei explicar o que era, mas não conseguia palavras porque nunca tinha sentido uma dor tão absurda. A princípio achei que seria uma dor de cabeça em decorrência da dengue”, relembrou.
O diagnóstico que Carolina Arruda sofre da “pior dor do mundo’ foi feito há 7 anos pelo neurocirurgião Marcelo Senna, que tem mais de 30 anos de experiência com a neuralgia do trigêmeo.
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O que é a neuralgia do trigêmeo?
A neuralgia do trigêmeo, também conhecida como a “doença do suicídio”, e comparada a choques elétricos e até a facadas. O trigêmeo é um dos maiores nervos do corpo humano. Ele leva esse nome porque se divide em três ramos:
o ramo oftálmico;
o ramo maxilar, que acompanha o maxilar superior;
o ramo mandibular, que acompanha a mandíbula ou maxilar inferior.
Ele é um nervo sensitivo, ou seja, que controla as sensações que se espalham pelo rosto. Permite, por exemplo, que as pessoas sintam o toque, uma picada e a dor no rosto.
A doença normalmente atinge um lado do rosto. Em casos mais raros, pode atingir os dois — como é o caso da estudante de veterinária.
Segundo os especialistas, a dor causada pela doença é uma das piores do mundo. Ela não é constante fora das crises, mas é disparada por alguns gatilhos que, na verdade, fazem parte da vida cotidiana como falar, mastigar, o toque durante a escovação ou barbear e até com a brisa do vento sobre o rosto.
A dor é incapacitante. Ou seja, impede que a pessoa consiga fazer atividades simples do dia a dia.
Carolina Arruda tem neuralgia do trigêmeo
Carolina Arruda/Arquivo pessoal
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