Mauro Cid deixou mala pronta antes de audiência por temer prisão

Delatores chamados a se explicar precisam deixar tudo pronto para o caso de uma rescisão do acordo. Clima antes da audiência foi tenso, e Cid passou a véspera organizando informações. Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid teve que se preparar para todos os cenários nesta quinta-feira (21) antes de ficar cara a cara com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Cid temia, inclusive, sair da audiência de custódia preso. Tanto, que separou roupas para colocar em uma mala e levar para o presídio, caso fosse detido por descumprir os termos da delação premiada.
O risco estava posto em sinais claros. A Procuradoria-Geral da República queria que Cid passasse
ele fosse preso por suspeita de omitir informações da delação sobre Braga Netto e sobre o plano de assassinar Lula, Alckmin e Moraes.
Outro sinal que deixou Cid preocupadíssimo: ele não foi chamado a dar esclarecimentos na PF, ele foi convocado diretamente por Moraes para falar em audiência de custódia, que é a sessão que trata de questões decisivas: manter a delação ou não , ser preso ou não;
E como Cid saiu do cenário de estar a um fio de ser preso por omissão para a confirmação de que nada muda em sua delação porque ele não omitiu, e sim complementou informações? Cid conseguiu dar novos detalhes sobre Braga Netto e comprovar que não participou da trama dos planos de assassinatos de autoridades porque Braga Netto pediu que ele se retirasse da fatídica reunião de 12 novembro – quanto tudo foi arquitetado na casa de Braga Netto.
Ele informou que ficou somente meia hora na reunião e isso pode ser comprovado pelo horário que ele sai do Planalto para Casa de Braga Netto e volta em seguida. Cid, segundo investigadores, não deu nenhuma informação bombástica nova, mas fechou pontas e avançou em informações importantes para a investigação. Foi por isso que a PGR recuou do pedido de prisão e Moraes considerou que Cid esclareceu tudo e somente complementou sua delação.
Braga Netto é suspeito de atuar como elo entre Bolsonaro e os golpistas dos acampamentos . A PF está atrás de mais detalhes mas já tem em mãos um vídeo público de Braga Netto com esses golpistas os incentivando a não perder a fé – após a derrota de Bolsonaro nas urnas.
E o que pode acontecer daqui pra frente? Com os indiciamentos concluídos, a PGR vai decidir se denuncia os investigados. E para, isso, se for necessário, Cid pode prestar depoimentos à PGR, caso a equipe queira esclarecer pontos específicos.
Tudo indica que a denúncia não sairá este ano porque o relatório tem mais de 800 paginas, o procurador-geral da República , Paulo Gonet, e sua equipe serão meticulosos e vão se debruçar com prudência sobre todas as provas.
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