Maduro chama Edmundo González de ‘fraco’ e ‘marionete’ em comício no último dia de campanha na Venezuela


Nos últimos dias, campanhas de Nicolás Maduro e Edmundo González trocaram acusações em comícios pelo país. Após trocar farpas com Lula nos últimos dias, Maduro não citou o Brasil em seu discurso. Mais de 20 milhões de pessoas estão aptas para votar no domingo (28). Nicolás Maduro e Edmundo González são os principais candidatos na eleição presidencial da Venezuela
Reuters
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, chamou seu opositor Edmundo González de fraco e de marionete e não citou o Brasil em comício eleitoral nesta quinta-feira (25), em Macaraibo. Campanhas eleitorais estão no último dia nesta quinta.
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Maduro disse que González é manipulável e deixou implícito quem o manipularia, mas ele se referia à Maria Corina Machado, principal opositora do presidente. “Vocês querem um presidente fraco, manipulável e sem energia? Um capitalista selvagem? Ou querem um presidente que seja do povo?”, disse Maduro aos presentes.
Corina Machado era a escolhida da coalizão de oposição para enfrentar Maduro nas urnas e favorita nas pesquisas de intenção de voto, porém ela foi impedida de concorrer pelo Supremo venezuelano, alinhado ao governo.
Desde então, Corina Machado tem impulsionado a campanha de Edmundo, que era pouco conhecido do público venezuelano quando foi escolhido pela oposição para o pleito, em abril.
Em um momento do discurso, Maduro empunhou uma espada ao dizer que vai vencer as eleições (veja na foto abaixo). O presidente venezuelano também chamou a coalizão de oposição liderada por González de “direita radical extremista”.
Maduro empunha uma espada durante comício eleitoral em 25 de julho de 2024.
Reprodução/Maduro no X
Maduro vai discursar à noite na capital, em Caracas, às 18h (horário de Brasília). O candidato de oposição, Edmundo González, fará comício também em Caracas às 17h (horário de Brasília).
Em seu discurso nesta quinta, Maduro não citou o Brasil. O venezuelano trocou farpas nos últimos dias com o presidente Lula: Lula disse que “ficou assustado” com uma fala do Maduro de que a Venezuela pode enfrentar um “banho de sangue” e uma “guerra civil” caso ele não seja reeleito. Em resposta, Maduro mandou Lula “tomar um chá de camomila” e atacou as eleições brasileiras.
Em entrevista ao g1, Edmundo González disse que a reação de Maduro às críticas de Lula não são próprios de uma democracia.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) brasileiro vai enviar uma comitiva para observar as eleições venezuelanas.
Há uma preocupação com o pleito venezuelano porque Maduro dá indícios de que não quer sair do poder. Na presidência desde 2012, ele concorre a um terceiro mandato. Entre as demonstrações, o presidente falou sobre “banho de sangue” e “guerra civil” caso não vença e a chamou mídia internacional, que está no país para cobrir as eleições, de “assassinos de aluguel”.
Maduro desconvidou a presença de diversos observadores internacionais para as eleições, como um grupo da União Europeia e o ex-presidente argentino Alberto Fernandez. O envio de comitivas é comum na diplomacia em países com democracias não estáveis. A ONU disse que vai enviar observadores.
Corina Machado também denunciou uma tentativa de assassinato ainda neste mês. Ela disse que agentes do governo a seguiram e cortaram as mangueiras dos freios dos carros de sua comitiva durante a noite.
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Encerramento de campanhas
A campanha eleitoral para a eleição presidencial da Venezuela entrou no último dia, nesta quinta-feira (25). As equipes do presidente Nicolás Maduro e do opositor Edmundo González pretendem concentrar os últimos esforços na capital, Caracas.
A eleição está marcada para domingo, com os locais de votação funcionando das 6h às 18h, pelo horário local (7h às 19h, em Brasília). Segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), mais de 20 milhões de pessoas estão aptas a votar.
A campanha na Venezuela foi marcada por intensa troca de acusações entre os dois lados. Enquanto Maduro classifica a oposição como “extrema direita”, González e aliados denunciam irregularidades eleitorais e até mesmo um atentado.
O comício de González em Caracas está marcado para começar às 16h (15h, em Brasília). O evento será na avenida principal do bairro Las Mercedes. A região é considerada o centro cultural, econômico e financeiro da capital.
“Vamos encerrar essa campanha admirável, na qual percorremos a Venezuela de ponta a ponta”, disse a opositora María Corina Machado ao convidar os eleitores para o comício.
Antes, durante a manhã, González e Corina Machado participarão de uma coletiva de imprensa para fazer um balanço da campanha.
Já Maduro planeja uma maratona em Caracas, com um comício de 12 horas de duração, começando às 9h (8h, em Brasília). O evento se iniciará na Avenida Bolívar, uma das mais importantes de Caracas, mas deve avançar por outras áreas da cidade.
“O povo virá de todos os lados para selar toda essa emoção e emotividade que reflete o espírito combativo da afirmativa venezuelana”, afirmou Nahum Fernández, membro da campanha.
Os últimos dias
Nos últimos dias, os dois candidatos percorreram o país. Maduro reforçou em seus discursos que irá emplacar uma “vitória recorde”. Disse ainda que a oposição terá de aceitar os resultados eleitorais “sem choradeira”.
Maduro também subiu o tom, chegando a afirmar que haveria “banho de sangue” se não fosse eleito. As falas chamaram a atenção da comunidade internacional, incluindo o presidente Lula (PT), que se disse assustado.
O venezuelano rebateu, dizendo que aqueles que se assustaram deveriam “tomar chá de camomila”. Ele também questionou o sistema eleitoral do Brasil. Os comentários fizeram o TSE desistir de enviar observadores para acompanhar as eleições na Venezuela.
Do outro lado da disputa, Edmundo González apareceu ao lado de María Corina Machado em atos de campanha. Considerada candidata forte para derrotar Maduro, Corina Machado acabou sendo impedida de concorrer pela Justiça da Venezuela.
González assumiu a chapa formada por meio de uma coalizão da oposição. O ex-diplomata aparece na liderança em pesquisas de intenção de voto.
Na terça-feira (23), a campanha de González afirmou que estava sendo impedida pelo CNE de imprimir as credenciais de 90 mil fiscais cadastrados pelo partido. Esses agentes serão responsáveis por acompanhar a votação e denunciar possíveis irregularidades.
Na semana passada, Corina Machado disse que agentes do governo venezuelano vandalizaram dois carros de sua comitiva e cortaram as mangueiras dos freios.
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