Como a Nasa e a SpaceX derrubarão a Estação Espacial Internacional em 2031


ISS orbita a Terra desde o início da sua construção, em 1998. A estação espacial é retratada pelo SpaceX Crew Dragon em 2021
Nasa
A Nasa, a agência espacial norte-americana, anunciou que a Space X, empresa privada controlada pelo magnata da tecnologia Elon Musk, construirá o veículo que derrubará a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês).
A expectativa é que isso aconteça no início de 2031, quando a ISS completará 32 anos. A Nasa descartou outras opções, como desmontar a estação e trazer tudo de volta, ou deixar a estação sob a responsabilidade de outra entidade.
Para isso, a Nasa concedeu um contrato de US$ 843 milhões para o desenvolvimento do veículo, denominado “US Deorbit Vehicle”. A agência irá supervisionar a missão.
Como será o espetacular e brutal final da Estação Espacial Internacional
Veja a seguir um resumo de como será esse projeto.
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Por que destruir a estação espacial?
A Estação Espacial Internacional já está mostrando sinais de envelhecimento.
A Rússia e os Estados Unidos lançaram as primeiras peças no final de 1998 e, dois anos depois, astronautas entraram na estação. Europa e Japão adicionaram seus próprios segmentos, e o Canadá contribuiu com braços robóticos.
Quando os ônibus espaciais da Nasa foram aposentados em 2011, a estação tinha o tamanho de um campo de futebol e pesava quase 430 toneladas. A agência espacial estima que a estação será útil até pelo menos 2030. O objetivo é que, até lá, empresas privadas lancem suas próprias estações espaciais, com a Nasa sendo um de seus muitos clientes.
Essa estratégia — que já é usada para transportar carga e tripulações para a estação — permitirá à Nasa focar em viagens para a Lua e Marte. A agência também pode decidir prolongar a vida útil da estação caso ainda não existam estações privadas operacionais até lá. O objetivo é que haja uma sobreposição entre a Estação Espacial Internacional e as novas operações, de modo que a pesquisa científica não seja interrompida.
Por que não trazê-la de volta à Terra?
A Nasa considerou a possibilidade de desmantelar a estação espacial e transportar as peças de volta à Terra, ou permitir que empresas privadas reutilizassem as peças para as estações que planejam construir.
No entanto, nunca se considerou desmontar a estação em órbita, pois qualquer tentativa seria cara e arriscada para os astronautas envolvidos na operação. Além disso, não existe uma nave espacial do tamanho dos antigos ônibus espaciais da Nasa para trazer os componentes de volta. Outra opção seria elevar a estação vazia para uma órbita mais alta e estável, mas isso também foi descartado devido a problemas logísticos e ao crescente risco representado pelo lixo espacial.
A estação espacial é retratada pelo SpaceX Crew Dragon em 2021
Nasa via AP
Como ela será trazida de volta à Terra?
As naves espaciais visitantes impulsionam periodicamente a estação espacial para mantê-la em órbita a cerca de 420 quilômetros de altura. Caso contrário, ela desceria cada vez mais até cair sem controle. A Nasa quer garantir que a reentrada ocorra de forma segura, fazendo com que caia em uma área remota do Pacífico Sul ou possivelmente do Oceano Índico.
Para isso, seria necessário lançar uma nave espacial que se acoplasse à estação e a direcionasse para sua “tumba aquática”. A Nasa prevê que algumas das peças mais densas, com tamanhos que variam de um forno de micro-ondas a um sedã, sobrevivam em um campo estreito de escombros de 2.000 quilômetros de comprimento.
A Nasa e seus parceiros consideraram usar três naves russas de abastecimento, mas foi necessária uma nave mais robusta. Portanto, foi realizado um processo de licitação, e, em junho, a SpaceX ganhou o contrato para produzir uma nave de desorbitação que retirará a ISS de órbita.
Como será o veículo?
A SpaceX planeja usar uma cápsula Dragon comum — do tipo usado para transportar suprimentos e astronautas para a estação espacial —, mas com um compartimento muito maior para o motor, que abrigará um recorde de 46 motores e mais de 16 toneladas de combustível.
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Sarah Walker, da SpaceX, disse que o desafio será criar uma nave espacial com potência suficiente para guiar a estação espacial e, ao mesmo tempo, resistir às forças geradas pelo aumento da fricção atmosférica durante a descida final. Esta nave espacial precisará de um foguete especialmente potente apenas para entrar em órbita, segundo a Nasa.
A cápsula seria lançada um ano e meio antes da prevista desativação da estação. Os astronautas permaneceriam a bordo enquanto a estação desce gradualmente. Seis meses antes da destruição da ISS, a tripulação abandonaria a nave e retornaria à Terra. Uma vez que a estação tenha descido para cerca de 220 quilômetros de altitude, a cápsula Dragon a traria para a Terra em quatro dias.
Isso já foi feito antes?
A primeira estação espacial da Nasa, o Skylab, desceu com grande força em 1979, gerando uma chuva de escombros sobre a Austrália e o Pacífico. A Nasa esperava que uma das primeiras tripulações do ônibus espacial pudesse acoplar um foguete para controlar a descida do Skylab ou impulsionar sua órbita.
No entanto, o ônibus espacial não estava pronto a tempo; seu primeiro voo ocorreu apenas em 1981. Os controladores em terra conseguiram fazer com que o Skylab caísse lentamente em direção ao Oceano Índico, mas alguns fragmentos também caíram sobre o oeste da Austrália. A Rússia tem mais experiência com a reentrada de estações espaciais. A Mir operou por 15 anos antes de ser guiada para reentrar no Oceano Pacífico em 2001. Antes disso, várias estações Salyut também foram destruídas.
Algo será salvo?
A Nasa deseja trazer alguns pequenos objetos do interior da estação espacial para exibição em museus, como o sino e os diários da nave, painéis com emblemas e outras lembranças. Esses objetos poderão ser trazidos de volta nas naves de abastecimento da SpaceX no último ano ou dois de operação.
“Infelizmente, não podemos trazer de volta coisas muito, muito grandes”, disse Ken Bowersox, da Nasa. “Meu lado sentimental adoraria tentar salvar algo”, mas a abordagem mais prática é derrubar tudo de uma só vez, acrescentou.
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