Humorista é condenado por agredir ex-namorada com empurrões e sufocar vítima com lençol e travesseiro


Sentença prevê um ano de detenção em regime aberto e indenização no valor de R$ 3 mil. Defesa de Renato Bartolomeu diz que ele é inocente e recorreu da decisão. Humorista Renato Bartolomeu
Reprodução/Instagram
O humorista Renato Bartolomeu foi condenado por agredir a ex-namorada numa casa no bairro do Pina, na Zona Sul do Recife. De acordo com a denúncia que consta nos autos, Laura Ithamar dos Santos de Albuquerque teve o cabelo puxado e o rosto arranhado pelo influenciador, que, segundo o relato da vítima, tentou sufocá-la com um lençol e um travesseiro.
A condenação prevê um ano de prisão em regime aberto e o pagamento de uma indenização no valor de R$ 3 mil à vítima. Procurada, a defesa de Renato Bartolomeu Pedrosa Gomes da Silva disse que recorreu da decisão à Segunda Instância (veja resposta abaixo).
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A sentença foi expedida no dia 27 de maio pela juíza Ana Cristina de Freitas Mota, da 1ª Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher do Recife. O g1 só teve acesso à decisão nesta semana. A condenação saiu mais de quatro anos depois que o caso aconteceu, na madrugada de 11 de novembro de 2019. Na época, a jovem tinha 25 anos.
Segundo a vítima, as agressões foram praticadas às 2h, na casa dos pais do humorista, que não estavam na residência no momento. No processo, Laura, que manteve um relacionamento com Renato Bartolomeu por cerca de dois anos, contou que na noite em que ocorreu a agressão, o réu iniciou uma briga porque a jovem tinha convidado um amigo para ir a uma festa.
Nesse momento, conforme a denúncia, a mulher pegou o celular do acusado, que a empurrou para ter o aparelho de volta. Com o empurrão, de acordo com o relato, a jovem bateu com o supercílio num sofá de madeira.
“A vítima ficou com medo da conduta do denunciado e começou a gritar por ajuda, tendo Renato tapado a boca da vítima com a mão, para silenciá-la, oportunidade em que ele também lesionou a face de Laura com as unhas”, informa um trecho da decisão.
Em seguida, de acordo com o documento, o humorista levantou a então namorada, puxando-a pelo cabelo, enquanto Laura gritava por socorro e tentava enviar uma mensagem a um grupo de amigos no WhatsApp. O homem, então, desligou o wi-fi da casa.
“O acusado continuou a puxar-lhe os cabelos, conduzindo-a desta forma até o quarto do irmão dele, levando-a ao banheiro, jogando-a por sobre o box e depois atirando-a na cama e sufocando-a com o lençol e o travesseiro”, diz o relato.
Segundo o depoimento, Laura conseguiu se desvencilhar e, depois que se afastou do agressor, a mensagem que tinha escrito antes chegou ao grupo do WhatsApp. Um dos amigos que estava no grupo chamou um carro de aplicativo, que foi buscá-la.
A decisão cita ainda que, após sair do local, Laura se encontrou com duas amigas, que confirmaram ter visto os machucados em todo o corpo da jovem. “As duas ainda salientaram que o relacionamento do réu e da vítima era permeado de violência psicológica e que a vítima sofreu impactos em sua saúde psicológica e sua rotina, afetando, inclusive, a sua vida profissional”, registra a juíza.
A juíza Ana Cristina de Freitas Mota abordou na decisão também que a materialidade do crime foi comprovada por meio de boletim de ocorrência e laudo de perícia traumatológica, “que atestou a presença de ‘mancha arroxeada no punho esquerdo, edema traumático no supercílio direito, escoriações na pálpebra inferior direita e duas escoriações lineares na região supra-labial'”.
A magistrada ainda informou nos autos que o depoimento da vítima, realizado durante a investigação policial, corrobora com as demais provas do processo.
“Não há elementos para concluir (ou mesmo suspeitar) que a vítima tenha inventado o fato apenas com o intuito de prejudicar o acusado. Como se observa, a vítima prestou declarações firmes e coerentes – tanto na fase policial, quanto em juízo – imputando ao réu a prática do fato descrito na denúncia. (…) Não há qualquer elemento no conjunto probatório colacionado que tenha ele agido de forma culposa, com imprudência, negligência ou mesmo imperícia. Está nítida a vontade de atingir a integridade física da vítima ao observar as várias e múltiplas formas de violência perpetradas por ele”, afirma.
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O que diz Renato Bartolomeu
Procurada pelo g1, a advogada Júlia Dubeux, que representa Renato Bartolomeu, disse que:
A condenação se baseou “exclusivamente na palavra” de Laura;
O que a sentença traz como “arcabouço fático” é o que foi narrado pela vítima e “não corresponde com a verdade dos fatos”;
Foi demonstrado no processo que nenhuma das condutas imputadas a Renato Bartolomeu não ocorreu;
Laura retirou a representação que fez na delegacia e a ação seguiu apenas por iniciativa do Ministério Público;
A defesa do réu recorreu da decisão pedindo que a condenação seja revertida.
A advogada afirmou ainda que o humorista está “receoso” em se manifestar sobre o caso sob “o risco de exposição” da ex-namorada.
Segundo os autos do processo, ele negou, em depoimento à Justiça, que tenha agredido a vítima. No interrogatório, o homem:
Contou que, durante a discussão, puxou a mão da jovem para trás a fim de se livrar dela, o que a fez cair no sofá;
Confirmou ter tapado a boca da vítima para ela não gritar e disse que colocou o pano no rosto dela, mas sem a intenção de sufocá-la;
Declarou que, como a vítima estava no chão, a pegou pelos braços e pelas axilas para levantar a jovem, “admitindo que assim agiu de uma forma não muito suave”.
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