Abuso premeditado: o que se sabe e o que falta esclarecer sobre morte de menina em Salvador


Suspeito confessou ter violentado sexualmente e depois asfixiado Aisha Vitória, de 8 anos, no bairro de Pernambués. Homem já havia sido preso por abuso sexual em 2015. Aisha Vitória foi morta no bairro de Pernambués.
Arquivo Pessoal
O homem que confessou ter abusado sexualmente e assassinado a menina Aisha Vitória Santos da Silva, de 8 anos, revelou que o crime foi premeditado. Joseilton Souza da Silva, de 43 anos, matou a criança na noite de segunda-feira (22), no bairro de Pernambués, e abandonou o corpo na madrugada de terça (23).
O corpo de Aisha foi encontrado com marcas de violência, em cima de sacos de construção, na Travessa São Jorge. O local fica a cerca de 30 metros da residência onde ela morava com os pais e os irmãos. Vizinho da família, Joseilton também vivia na área.
Suspeito de estuprar e matar menina de 8 anos em Salvador foi preso em 2015 por crime sexual contra outra criança
Horas após o crime, ele foi abordado pela polícia, confessou os crimes e foi detido em flagrante. A Polícia Civil pediu a conversão da prisão em preventiva.
O g1 e a TV Bahia tiveram acesso ao depoimento prestado pelo suspeito. Aos investigadores, ele assumiu que premeditou o abuso sexual e descreveu as agressões.
Confira abaixo agora o que se sabe e o que falta esclarecer sobre o crime, que gerou grande comoção na comunidade e motivou um protesto.
Qual a cronologia do crime?
Qual a relação do suspeito com a família?
Quando a criança foi dada como desaparecida?
Como a polícia chegou até o suspeito?
Quem é Joseilton?
Como estão as investigações?
Moradores de bairro de Salvador protestam em avenida contra morte de menina de 8 anos
Qual a cronologia do crime?
Joseilton disse à polícia que se mudou para a localidade há cerca de quatro meses e “sempre observava a criança” quando ela passava por sua porta a caminho da escola ou quando saía para brincar. O registro do depoimento indica que ele, “premeditadamente, decidiu faltar ao trabalho, posto que já pretendia atrair a vítima para sua casa”.
Entenda a cronologia do crime, segundo a confissão do suspeito:
16h30 – Aproveitou que Aisha brincava sozinha para chamá-la até a casa dele. Como a menina não aceitou, ele “tapou a boca” dela e a puxou à força.
Dentro do imóvel, usou uma boneca furtada de outra criança para acalmar a menina e evitar que ela gritasse por socorro. Depois disso, ele admitiu que abusou sexualmente da criança e a estrangulou “para que ela perdesse a consciência”.
18h – Disse que a criança estava viva, porém desacordada, e notou familiares e vizinhos procurando por ela.
19h – Decidiu matar a menina por entender que, se a libertasse, “seria descoberto”. Joseilton a estrangulou até a morte.
Ao longo da noite, ele limpou vestígios do crime e avaliou como abandonar o corpo.
3h30 – Ao perceber que as buscas tinham sido interrompidas, saiu e deixou o corpo em um beco, em cima de sacos de entulhos, próximo à rua em que morava.
De volta à residência, percebeu que se esqueceu dos chinelos e os atirou no telhado da vizinha para ocultar provas. Fez o mesmo com a boneca, escondendo-a atrás da geladeira.
Em seguida, tomou banho e dormiu no mesmo colchão em que matou a garota.
Pela manhã, conta que acordou com gritos dos pais da vítima que haviam encontrado o corpo dela.
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Qual a relação do suspeito com a família?
Morador da localidade há cerca de quatro meses, Joseilton disse que tinha amizade apenas com o proprietário do imóvel que alugava e com o dono de um bar da região. Ele disse que não interagia com outros moradores.
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Apesar disso, “sabia quem era quem” na família de Aisha e já tinha até consumido bebida alcoólica com a mãe dela em um estabelecimento da área.
Quando a criança foi dada como desaparecida?
Também em depoimento à polícia, a mãe de Aisha disse que ela saiu de casa por volta de 14h30 de segunda (22) para ver a avó, que mora a cinco casas de distância. A família relatou que a criança e a irmã costumavam brincar entre uma residência e outra.
Aisha Vitória foi morta em Salvador
Arquivo Pessoal
À tarde, a mulher saiu para levar outro filho ao médico e, por volta das 17h, quando o pai chegou em casa e procurou pelas meninas, começaram as buscas. Familiares de Aisha chegaram a acionar a polícia, que os recomendou aguardar mais 24 horas.
Ainda assim, parentes e vizinhos seguiram buscando o paradeiro da menina até 2h40.
O corpo dela foi encontrado por outro vizinho, às 4h20, com marcas roxas nas pernas e costas. Ele logo chamou os parentes, que acionaram a polícia, e os agentes deram início às oitivas para esclarecer o caso.
Como a polícia chegou até o suspeito?
A Polícia Civil não esclareceu de onde partiram as suspeitas contra Joseilton. A mãe pontuou, em depoimento, que foi questionada sobre vizinhos que moravam sozinhos e lembrou do homem. Ela destacou que ele não ajudou nas buscas.
Vizinho confessou ter matado Aisha Vitória, de 8 anos
Reprodução/TV Bahia
O próprio Joseilton também afirmou que ficou acompanhando o caso dentro de casa e até faltou ao trabalho por medo de ser descoberto.
Ele disse que agentes pediram acesso à casa dele e fizeram perguntas. Inicialmente, o homem mentiu dizendo que a boneca escondida atrás da geladeira seria de sua filha, mas depois caiu em contradição ao informar que possui apenas filhos do sexo masculino.
Com isso, ele confessou os crimes e saiu do local preso no fim da manhã de terça (23), sob gritos de “assassino” e “vai morrer”.
Após a confissão, outros moradores tentaram linchá-lo. Para evitar que ele fosse agredido, policiais militares chegaram a dar tiros para cima, na tentativa de dispersar a multidão.
Quem é Joseilton?
O homem trabalhava em uma empresa de construções e morava no bairro de Pernambués há cerca de quatro meses. Ele revelou à polícia que “tem o hábito de ‘brincar’ com crianças de tenra idade, principalmente do sexo masculino”.
Em 2015, chegou a ser preso em flagrante após tentar abusar sexualmente de outra criança.
Conforme relato do suspeito, isso ocorreu quando ele invadiu uma casa em São Gonçalo dos Campos, a cerca de 130 km de Salvador, para roubar um celular. O abuso só não teria sido concretizado porque o pai das crianças e a polícia teriam chegado ao local.
Apesar disso, ele diz que “sequer responde a processo criminal”. A Polícia Civil confirmou ao g1 que o homem foi solto dias após a prisão.
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Como estão as investigações?
A Polícia Civil pediu que a Justiça converta a prisão de Joseilton em preventiva. Em cerca de 30 dias, o laudo pericial, detalhando a causa da morte de Aisha, também deve ser divulgado.
Até o momento, o suspeito não indicou advogado de defesa para representá-lo em processo por homicídio e estupro de vulnerável. Nos próximos dias, ele deve passar por audiência de custódia.
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