Drone flagra baleia com nadadeiras imobilizadas por rede de pesca no ES; ‘Cena triste’, diz ambientalista


Thiago Ferrari, do Projeto Amigos da Jubarte, disse que as redes impedem os animais de respirar e se alimentar adequadamente, levando-os à morte por asfixia ou inanição. Drone flagra baleia com nadadeira imobilizada por rede de pesca no ES
Uma baleia-jubarte envolvida por uma rede de pesca foi avistada por pesquisadores durante monitoramento no litoral do Espírito Santo. Imagens de drone, do Projeto Amigos da Jubarte, captaram o animal nadando com dificuldade ao lado de outra baleia menor a aproximadamente 17 milhas da costa, no município de Serra, na Grande Vitória.
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O ambientalista e coordenador do projeto Amigos da Jubarte, Thiago Ferrari, disse que ficou impressionando com a imagem, já que a situação prejudica a sobrevivência da baleia em questão.
“Ela estava com as nadadeiras peitorais presas. A outra baleia ao seu lado consegue abrir as nadadeiras e a que está emalhada não consegue. Isso pode prejudicar os comportamentos e alguns movimentos que são fundamentais para a baleia sobreviver. A espécie precisa das nadadeiras para o salto, para a própria natação e caça dos alimentos”, explicou Ferrari.
As imagens foram feitas na primeira semana de julho e divulgadas agora.
Drone flagra baleia com nadadeiras imobilizadas por rede de pesca no Espírito Santo
Luan Amaral/Projeto Amigos da Jubarte
O ambientalista reforçou que para executar os movimentos de alimentação, reprodução e proteção, a baleia precisa estar livre no mar, sem nenhum impedimento externo. Nesse caso, o animal consegue nadar, mas está com os movimentos limitados.
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“É uma cena triste, que racha o nosso coração enquanto ambientalista, ver isso e não poder fazer nada. Mesmo impedida de abrir as nadadeiras por completo, a baleia estava nadando para longe e a gente não pôde fazer nada naquele momento”, desabafou Ferrari.
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Drone flagra baleia com nadadeiras imobilizadas por rede de pesca no Espírito Santo
Luan Amaral/Projeto Amigos da Jubarte
Ajuda perigosa
O ambientalista destacou que a primeira intenção de qualquer pessoa seria retirar a rede que envolve o animal, mas Thiago reforçou que essa é uma ação proibida e muito perigosa.
“Quando a gente vê uma baleia ou um golfinho emalhado, a nossa tendência é querer ajudar, mergulhar para tentar soltar. Mas é proibido, até porque é uma atividade perigosa. No caso da baleia, a gente está falando de um animal que pode chegar a 16 metros, 40 toneladas e qualquer movimento do animal pode machucar gravemente um ser humano. Então, é recomendado não entrar na água, não tentar desemalhar a baleia, por mais que a gente queira, por mais que a gente fique sensibilizado”, alertou Ferrari.
Segundo Ferrari, nesse caso, o melhor a fazer é entrar em contato com os órgãos competentes, como o Instituto Orca ou Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que vão orientar as equipes técnicas capacitadas para fazer esse tipo de atendimento.
Fatos recorrentes devido à pesca
O ambientalista reforçou que a cena é triste, mas que é cada vez mais recorrente no litoral do Espírito Santo com golfinhos e tartarugas marinhas devido à pesca intensa.
Ele disse que os animais ficam presos nessas redes, o que os impede de respirar, se alimentar adequadamente e até mesmo os leva à morte por asfixia ou inanição. Muitos desses animais são importantes para a fauna marinha e estão ameaçados de extinção.
“É necessário que os pescadores redobrem a atenção, adotando práticas de pesca mais assistidas, evitando áreas protegidas ou unidades de conservação, e observando a presença de animais marinhos na região. Esses animais ficam emalhados acidentalmente, e é por isso que nesta época, principalmente de migração das baleias jubarte, é necessário que esses pescadores fiquem atentos”, alertou.
Baleias-jubarte passam pelo litoral do Espírito Santo de julho a novembro
Projeto Baleia Jubarte
Monitoramento que levou ao flagrante
O vídeo foi gravado por volta de 10h30 de terça-feira (9) durante um embarque de monitoramento de cetáceos, realizado pelo Projeto Amigos da Jubarte, sobre a presença de baleias no litoral capixaba e os impactos que podem sofrer na região.
Os pesquisadores não podem precisar onde a baleia se emalhou com a rede de pesca, já que as jubartes vêm da Antártica nesse período do ano e podem percorrer os litorais do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo.
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Então, segundo os especialistas, o animal pode ter se emalhado em qualquer uma dessas regiões e conseguiu se soltar, mas levou junto um pedaço de corda de rede agarrada ao corpo.
“A baleia é forte quando ela se prende. Geralmente, os adultos e juvenis têm força suficientes para arrebentar a rede, mas, por muitas vezes, como no flagrante, esse pedaço de rede acaba ficando preso no corpo da baleia, prejudicando o animal. Isso é um problema grave que a gente está observando cada vez mais frequente. A gente sabe que a maioria dos pescadores são pessoas responsáveis, que tiram o seu sustento do mar. Mas, existe o risco de se colocar essas redes em locais proibidos, por exemplo, em unidades de conservação, áreas de proteção, fora do plano ou em regiões que são conhecidas, como berçários de animais da vida marinha. Isso pode gerar um grande prejuízo para as outras espécies”, reiterou.
O ambientalista explicou que esse é o desafio que as jubartes enfrentam anualmente quando migram para o Brasil para poder ter uma recuperação plena do seu grupo.
Ferrari lembrou que as baleias quase foram extintas por conta da caça e, a partir da década de 1990, como foi proibido em vários países do mundo, inclusive aqui no Brasil, elas passaram a se recuperar.
Ele disse que, atualmente, são aproximadamente 30 mil baleias, porém, começaram a ser impactadas por outras questões geradas por atividades humanas, como o caso da pesca, do atropelamento de embarcações, poluição sonora, residual ou química, além da prospecção de águas profundas.
Thiago Ferrari ressaltou a necessidade de um tratamento sério e comprometido por parte das autoridades públicas, pescadores e instituições envolvidas.
“A gente lembra que é fundamental um trabalho de educação ambiental e de conscienteicaçao junto a essas comunidades costeiras, não só do Espírito Santo, mas de todo o litoral brasileiro, de levar essa informação para impedir que flagrantes sejam recorrentes”, alertou o ambientalista.
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