Dentro da porteira: PIB do Agro retrai com desvalorização de commodities e queda na produção


Levantamento do Cepea-USP em Piracicaba (SP) em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil aponta que PIB do Agro caiu 2,20% no 1º trimestre de 2024.
Mais Agro
Após tímido movimento de recuperação, o Produto Interno Bruto (PIB) do Agronegócio Brasileiro, calculado pelo do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq-USP, enfrenta mais uma queda entre janeiro e março deste ano. No primeiro trimestre de 2024, o desempenho do setor foi de R$ 2,45 trilhões, uma redução de 2,20% em relação mesmo período de 2023, com baixa equivalente a R$ 57 bilhões.
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A performance do agronegócio foi impactada pelas quedas dos preços e das principais produção do setor, especialmente commodities importantes do segmento – como algodão, café, milho, soja, trigo, criação de bovinos para corte e para leite, suinocultura, entre outras – e pela projeção de retração da produção anual.
Por consequência, o desempenho indica menor participação na economia do país na comparação com o ano passado, próxima de 21,5% em 2024. – Leia mais, abaixo.
Em 2023, o PIB do Agro representou 24% do Produto Interno Bruto brasileiro. 👉Veja mais detalhes aqui. O relatório, feito pelo Cepea em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), aponta que até o trimestre passado, o setor vinha em um processo de recuperação da queda observada em 2022.
De toda produção do Agronegócio registrada no primeiro trimestre de 2024, o ramo agrícola responde a R$ 1,65 trilhão e a pecuária, R$ 801 bilhões no ramo.
Pecuária atenua resultado negativo
O ramo pecuário atenuou esse resultado, principalmente devido ao bom desempenho dos segmentos agroindustrial e de agrosserviços. 👇Veja na tabela, abaixo.
PIB Agronegócio – Taxa de Variação Acumulada no 1º Trimestre/2024
Desempenho dos insumos agrícolas e pecuários foi afetado pela queda do valor bruto da produção das indústrias do segmento, aponta Cepea/CNA.
Crédito: Ewerton Alves/Neomarc
Insumos
O PIB dos insumos recuou 4,9% no primeiro trimestre de 2024, com quedas nos ramos agrícola e pecuário.
Pesquisadores do Cepea/CNA indicam que o desempenho desse segmento foi impactado negativamente pelas desvalorizações dos:
fertilizantes
defensivos
máquinas agrícolas
rações
Agro 5.0
Freepik
Para as indústrias de máquinas agrícolas e defensivos, também se observou retração da produção esperada.
Agroindústria
No segmento agroindustrial, a diminuição de 1,31% no PIB esteve atrelada ao recuo nas indústrias de base agrícola (-2,81%), apesar do crescimento nas de base pecuária (4,23%).
Na indústria agrícola, a queda no PIB ocorreu principalmente devido aos preços mais baixos, especialmente do óleo vegetal, biocombustíveis e celulose e papel), mesmo com o aumento da produção industrial e a redução dos custos com insumos.
Na indústria pecuária, apesar das pressões decorrentes da queda nos preços, o PIB foi sustentado pelo aumento esperado na produção de carnes e pescados, couro e calçados e, em menor grau, laticínios.
Agrosserviços
O PIB do segmento de agrosserviços caiu 1,57%. Neste caso, também houve descompasso entre os agrosserviços do ramo agrícola, que recuaram 3,98% no trimestre, e os agrosserviços do ramo da pecuária, que cresceram 3,91%.
De forma geral, estes resultados refletem as dinâmicas dos segmentos a montante.
Fazendas da região trabalham com produção de leite
Reprodução/TV TEM
Primário
O PIB do segmento primário do agronegócio recuou 3,43% no trimestre, declínio atribuído tanto à agricultura quanto à pecuária.
Segundo relatório do Cepea/CNA, o desempenho da agricultura foi impactado negativamente pela desvalorização de importantes commodities que compõem o segmento, combinada à projeção de queda da produção anual, como:
☁️algodão
☕café
🌽milho
🌿soja
🌾trigo
Esse cenário persistiu mesmo com a redução dos custos com insumos.
No caso da pecuária, pesquisadores do Cepea/CNA explicam que o resultado negativo refletiu a baixa nos preços de atividades importantes, como bovinos para corte, leite e suínos.
A queda na pecuária, no entanto, foi amenizada pela expansão importante da produção de bovinos, ovos e leite.
Afinal, o que é o PIB do Agronegócio?
A professora da Esalq e pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, Nicole Rennó Castro, explica, em publicação no site do Cepea, que para calcular o PIB do Agro, são usadas informações secundárias e oficiais do IBGE.
“O PIB do Agro é um conceito mais amplo e abrangente que o de agropecuária, que engloba também atividades econômicas de outros setores de atividade, indústria e serviços. Especificamente, o agronegócio é definido como um setor econômico com ligações com a agropecuária”, explica.
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O setor envolve a produção de insumos para a agropecuária, a própria agropecuária, as agroindústrias de processamento dessas matérias-primas e a distribuição e demais serviços necessários para que os produtos agropecuários e agroindustriais cheguem ao consumidor final.
“O setor “agronegócio” não é definido nas classificações de atividades econômicas oficiais adotadas pelos órgãos responsáveis pelas contas nacionais dos países (como o IBGE no Brasil), e, por isso, não há estatísticas oficiais sobre o PIB (ou outros agregados, como o emprego) desse setor”, acrescenta a pesquisadora em artigo publicado no site do Cepea.
“É importante enfatizar que o Cepea apenas aplica aos dados nacionais um conceito que foi definido e é entendido, naturalmente com certas diferenças, internacionalmente”, conclui.
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