Kamala Harris conquista apoio entre líderes democratas e realiza primeiro ato na condição de pré-candidata à Presidência dos EUA


Por enquanto, Kamala não tem um adversário dentro do partido. Os principais nomes cotados para concorrer contra ela já anunciaram que vão apoiá-la. Nesta segunda-feira (22), a vice-presidente Kamala Harris começou a campanha para liderar o Partido Democrata e se tornar a próxima titular da Casa Branca. Na noite desta segunda, ela visitou a sede do comitê de campanha no estado de Delaware. Pela primeira vez, falou como a pré-candidata que vai substituir Joe Biden e atacou o adversário Donald Trump. Disse que ele quer levar o país para o passado.
Nas redes sociais, a vice-presidente também trocou o slogan da campanha, que agora é: “Vamos vencer essa”.
Para ser a candidata oficial dos democratas, Kamala precisa do apoio dos representantes do partido em cada estado – os delegados. São eles que vão votar e oficializar a candidatura na convenção democrata, em agosto. Segundo contagem da imprensa americana, Kamala já tem o apoio de mais da metade dos delegados de que precisa. Além disso, quase todos os congressistas democratas a endossaram. Nesta segunda-feira (22), depois de dias de divisão, o partido deu sinais de que está unido.
Faltam 106 dias para a eleição. Assim que Joe Biden desistiu, Kamala Harris não perdeu tempo: pegou o telefone e fez mais de 100 ligações. Passou 10 horas em conversas com parlamentares e governadores democratas em busca de apoio à candidatura.
O esforço surtiu efeito. Lideranças do partido nos 50 estados do país já anunciaram que estão com ela. Uma exceção foi Barack Obama. O ex-presidente quis manter neutralidade, a mesma postura de eleições anteriores.
Kamala Harris conquista apoio entre líderes democratas e realiza primeiro ato na condição de pré-candidata à Presidência dos EUA
Jornal Nacional/ Reprodução
Por enquanto, Kamala não tem um adversário dentro do partido. Os principais nomes cotados para concorrer contra ela – como os governadores da Pensilvânia, de Michigan e da Califórnia – já anunciaram que vão apoiá-la.
O dinheiro também chegou em avalanche: mais de US$ 80 milhões desde o anúncio de Biden. A maior arrecadação da história em um dia de campanha.
Em entrevista ao Jornal Nacional, o professor de Ciências Políticas da Universidade George Washington disse que ficou impressionado com a capacidade de Kamala de unir os democratas.
“É surpreendente que um consenso tenha se formado tão rapidamente, de todas os cantos do partido: a ala progressista, os mais centristas que estão concorrendo em estados indecisos, quase todos se uniram. É muito difícil ver um caminho para outro candidato a essa altura”, afirma.
Agora é a vez de Kamala Harris. Debaixo de chuva, na manhã desta segunda-feira (22), fez a primeira aparição depois de ganhar apoio de Joe Biden para ser a candidata democrata à Presidência. Foi em um evento oficial na Casa Branca com estudantes. Mas o clima já era de campanha.
Mesmo com as declarações de apoio, Kamala evitou comentar a candidatura e preferiu falar de Joe Biden.
“O que ele alcançou em três anos e meio não tem precedentes na história moderna. Em apenas um mandato, superou o legado da maioria dos presidentes que governaram por dois mandatos. Todos os dias, nosso presidente Joe Biden luta pelo povo americano”, disse.
Biden desiste da candidatura a presidente dos EUA e anuncia apoio a Kamala Harris
Depois do discurso, Kamala foi para o estado de Delaware e visitou o comitê de campanha de Biden. Aos funcionários, que agora trabalham para ela, disse:
“Eu sei que tem sido uma montanha-russa. Vamos levar nossas propostas ao povo americano e vamos vencer a eleição”.
Ela atacou o adversário republicano. Lembrou que processava criminosos, como abusadores e pessoas acusadas de fraude, quando era promotora.
“Eu conheço o tipo de Donald Trump”.
No final, voltou a agradecer Biden e prometeu unir os democratas.
Prestes a completar 60 anos, Kamala é 21 anos mais jovem que Biden. Ela é o exemplo de como a imigração faz parte da sociedade americana. A mãe indiana era cientista e pesquisava a cura do câncer de mama. O pai jamaicano é economista e professor da Universidade de Stanford, na Califórnia. Kamala se formou em Direito, virou promotora e, depois, se tornou a primeira mulher procuradora-geral da Califórnia.
O destaque na carreira jurídica alçou Kamala para a política. Em 2016, foi eleita senadora e se tornou apenas a segunda mulher negra a ocupar uma cadeira no Senado.
Na última eleição presidencial, em 2020, chegou a disputar a candidatura do Partido Democrata contra Biden e fez críticas duras a ele. Ela perdeu a disputa, mas no final foi escolhida para ser vice na chapa.
A campanha de Biden procurava uma mulher para o cargo e já levava em conta a idade avançada do então candidato. O nome escolhido tinha que estar pronto para assumir a Casa Branca ou concorrer à Presidência se Biden não tivesse condições.
Com a vitória em 2020, Kamala se tornou a primeira mulher vice-presidente dos Estados Unidos. Na noite do resultado, fez um discurso que comoveu apoiadores. Vestida de branco, a cor que para os americanos representa os direitos das mulheres, ela disse:
“Vocês votaram e deram um recado claro: escolheram esperança, decência, ciência e, sim, a verdade”.
Mas durante os últimos quatro anos, muitos se decepcionaram com a postura mais apagada de Kamala. Quando a Suprema Corte reverteu a decisão de permitir o aborto no país todo, a vice-presidente evitou declarações incisivas sobre o tema, mesmo sendo a favor deste direito.
Na Casa Branca, Kamala recebeu de Biden a missão de administrar a crise de imigração. Para a oposição, ela falhou. O número de travessias ilegais na fronteira com o México chegou a um recorde de mais de 2 milhões por ano.
Os republicanos, do partido de Donald Trump, já usam esse histórico contra ela. Trump e Kamala apareciam em empate técnico nas pesquisas de intenção de voto, antes de Biden desistir.
O presidente Joe Biden ainda está se recuperando da Covid.
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