Prédio da Fazenda do RJ adota ‘lista VIP do elevador’, e maioria dos funcionários tem que encarar a escada


Dos 6 elevadores do prédio da Sefaz, 4 não funcionam. Apenas poucas pessoas privilegiadas, que têm o nome em uma lista, podem usar o elevador do prédio da Av. Presidente Vargas, 670, que tem 22 andares. Funcionários da Secretaria da Fazenda denunciam que somente autorizados podem usar elevador
O prédio da Secretaria de Fazenda do Rio de Janeiro (Sefaz), responsável pelas finanças do estado, não está conseguindo administrar os elevadores do prédio e funcionários e servidores que trabalham no local, no Centro do Rio, são obrigados a subir, há pelo menos 3 meses, vários andares de escada.
Apenas poucas pessoas privilegiadas, que têm o nome em uma lista, podem usar o elevador do prédio da Avenida Presidente Vargas, 670, que tem 22 andares.
Dos 6 elevadores do prédio da Sefaz, 4 não funcionam. Dois são muito antigos e estão parados há anos. O outro foi interditado em julho depois de bater no teto, e ferir uma funcionária. A mulher ficou presa no elevador e foi resgatada pelos bombeiros. O quarto também parou logo depois, por falta de peça.
“O acesso ao elevador fica restrito somente a pessoas importantes, superiores hierárquicos, gestores, etc. Até pessoas idosas, pessoas com deficiência, obesas, não podem usar o elevador. Tem que continuar subindo escada”, diz um funcionário que prefere não se identificar.
Funcionários da Secretaria da Fazenda denunciam que somente autorizados podem usar elevador
Reprodução/TV Globo
O elevador C é o de cargas, que funcionários são orientados e não utilizar. “Estão autorizadas somente operações de movimentação de materiais – mobiliário, computadores, material de limpeza, almoxarifado ou lixo – ou seja, o elevador deverá ser carregado, mas as pessoas envolvidas não poderão acompanhar o material, devendo usar as escadas pra subir ou descer”, diz a mensagem.
Além do elevador de cargas, o único em funcionamento é o A, conhecido como elevador privativo do prédio público.
Funcionários denunciam que ele é usado apenas por pessoas indicadas pelo alto escalão da Secretaria de Fazenda, com nomes incluídos em uma lista VIP. O papel, com o título “Autorizados elevador” fica na parte interna. Quem não está na lista, sobe e desce todos os lances de escada.
Funcionários têm medo de se identificar, mas denunciam que terceirizados foram demitidos depois de usar o elevador sem autorização.
“Os colaboradores da empresa de manutenção foram mandados embora porque eles transportaram material pesado dentro do elevador. E dentro desses colaboradores, dentre esses funcionários, tinha um deficiente, que é o serralheiro”, explicou um funcionário.
Existe até um grupo de whatsapp com o nome de “elevador privativo”. Nas mensagens, ordens de quem pode ou não usar.
“Boa tarde pessoal, podem autorizar a Emily do jurídico a usar o elevador. está subindo para uma reunião no 19. Já avisei a ascensorista também”, diz uma das mensagens.
Há relatos, inclusive, de pessoas que passaram mal e nem assim puderam utilizar o elevador. “Uma colega de trabalho passou mal no 22º andar. Ela desmaiou e ela estava subindo pela escada de incêndio, a ponto de cair lá de cima. Infelizmente, não tiveram nenhuma solidariedade quanto a isso. A gente socorreu, deu assistência a ela, mas a administração da secretaria não quis saber. E intimando a gente a subir os 22 andares”.
O que diz a Sefaz
A Secretaria Estadual de Fazenda disse que está finalizando a licitação pra contratar a empresa que vai instalar novos elevadores, mas não deu um prazo.
A secretaria informou que criou guichês de atendimento ao público no térreo, que realocou servidores para andares mais baixos e liberou alguns funcionários para trabalhar de casa.
Sobre a demissão dos colaboradores terceirizados, a secretaria disse que eles não respeitaram as orientações de segurança e estavam usando o elevador de cargas e que por isso foram desligados.
A secretaria disse, também, que a lista de pessoas autorizadas a usar o elevador é para orientar o ascensorista, e que prioriza pessoas com dificuldades de locomoção e as que trabalham em andares mais altos, ou com grandes volumes de processos. De acordo com a secretaria, essa lista é atualizada diariamente.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.