Como funciona o DIU? O que é e como colocar de graça o dispositivo intrauterino

Escolher o método contraceptivo ideal é uma decisão que envolve diversas dúvidas e opções, e o DIU (Dispositivo Intrauterino) é uma das alternativas que têm ganhado cada vez mais destaque. Desde sua criação no século XX, essa pequena peça em formato de ‘T’ tem sido uma aliada de mulheres que buscam praticidade e eficácia na prevenção da gravidez. Mas exatamente como funciona o DIU e quais são as diferenças entre os tipos disponíveis? Vamos explorar tudo o que você precisa saber para tomar uma decisão informada.

Origem do DIU?

O DIU é um método contraceptivo em formato de “T” – Foto: Getty Images/ND

O dispositivo intrauterino (DIU) foi criado pela primeira vez no século XX pelo médico alemão Richard Richter, que usou aneis de intestino de gato. No entanto, foi apenas em 1962 que o método começou a ser usado como o chamado “Alça de Lippes”.

O modelo tinha um formato ondulado e era feito de plástico. No entanto, era muito comum que as mulheres expulsassem o utensílio sozinho, o que fez este tipo de dispositivo não ser mais utilizado.

De 1962 até 2024 a medicina já evoluiu, e muito, e hoje é possível colocar um DIU pelo SUS (Sistema Único de Saúde) de forma gratuita. No entanto, é importante lembrarmos que o dispositivo não impede as infecções por IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis); para preveni-las é recomendado o uso de camisinha.

O que é DIU?

O dispositivo intrauterino é um método contraceptivo em formato de “T”, inserido no útero para evitar a gravidez. Ele pode ser de dois tipos principais: DIU de cobre e DIU hormonal.

“O DIU é altamente eficaz e de longa duração, sendo utilizado por mulheres que buscam uma opção de contracepção reversível, mas que não exige administração diária como a pílula anticoncepcional”, explica o médico ginecologista e obstetra César Patez.

Como funciona o DIU no corpo?

Como funciona o DIU depende do modelo escolhido – Foto: Getty Images/ND

Segundo Patez, como funciona o DIU varia de acordo com o modelo utilizado, seja ele de cobre ou hormonal.

“O DIU de cobre libera íons de cobre no útero, criando um ambiente hostil aos espermatozoides, impedindo a fecundação. Já o DIU hormonal libera pequenas quantidades de progesterona, que engrossa o muco cervical, dificultando a passagem dos espermatozoides e alterando o revestimento do útero, impedindo a fixação de um óvulo fecundado”, explica.

DIU de cobre ou DIU de hormonal, qual o melhor?

Segundo o médico, o DIU de cobre não contém hormônios. O cobre é tóxico para os espermatozoides, impedindo sua movimentação e viabilidade. Ele pode durar até 10 anos, e é inserido de graça pelo SUS.

Já o DIU hormonal libera doses pequenas de progesterona, que além de evitar a gravidez, pode reduzir o fluxo menstrual e as cólicas. Sua duração varia entre 3 e 5 anos, dependendo da marca.

Para saber qual é o DIU mais indicado para o seu caso, é necessário consultar um especialista.

 Como é feita a inserção do DIU?

A introdução do DIU pode ser feita no consultório médico – Foto: Getty Images/ND

O médico explica que a inserção do DIU é feita no consultório médico, normalmente por um ginecologista.

“O procedimento é rápido e dura poucos minutos. Durante a inserção, o dispositivo é colocado dentro do útero com a ajuda de um aplicador. Pode haver algum desconforto ou cólica durante o processo, mas isso varia de pessoa para pessoa. Em alguns casos, recomenda-se o uso de anestesia local”, fala.

É possível engravidar com DIU?

De acordo com Luiz Fernando Pina, ginecologista e obstetra especialista em reprodução humana e endometriose, as chances de sucesso com o DIU são muito altas.

Só para se ter uma ideia, a OMS (Organização Mundial de Saúde), elenca que a eficácia do DIU de cobre é de 99,2% a 99,4%, e esse índice sobe para 99,8% no DIU hormonal.

“Mas sim, existem relatos na literatura de falha do método como qualquer outro método, principalmente se ele não está bem colocado e principalmente no início do método, então no primeiro mês da colocação. Por isso, é importante termos atenção no primeiro mês”, explica Luiz Fernando Pina.

Vantagens e desvantagens do uso do DIU

O médico ginecologista e obstetra César Patez elenca algumas vantagens e desvantagens do uso do dispositivo intrauterino. Confira:

Vantagens:

• Alta eficácia contraceptiva;
• Longa duração (de 3 a 10 anos, dependendo do tipo);
• Não interfere nas relações sexuais.

“As grandes vantagens são, basicamente, a comodidade para o paciente, que não precisa tomar o remédio diariamente. Há também um benefício médico importante: os hormônios não passam pelo estômago nem pelo fígado, o que evita a chamada primeira passagem hepática dos hormônios”, explica.

Desvantagens:

• A inserção pode ser desconfortável ou dolorosa;
• O DIU de cobre pode aumentar o fluxo menstrual e as cólicas;
• Risco raro de perfuração uterina durante a inserção;
• Pequena chance de expulsão do DIU, principalmente nos primeiros meses.

“As desvantagens incluem a necessidade de um procedimento para inserção, e algumas pacientes podem sentir cólicas durante o uso. Por isso, é necessário um período de adaptação ao método”, pondera.

Quem usa DIU menstrua?

Segundo o profissional, isto vai depender do tipo de DIU utilizado.

“Com o DIU de cobre, a mulher continuará menstruando normalmente, podendo até ter um aumento no fluxo. Com o DIU hormonal, muitas mulheres relatam redução significativa no fluxo menstrual ou até a ausência de menstruação (amenorreia), o que é considerado normal”, explica.

É normal o homem sentir o DIU durante a relação?

A resposta do ginecologista é: não, isto não é normal.

“Não é comum. O dispositivo fica dentro do útero, mas os fios que ficam no canal vaginal podem ser percebidos em alguns casos. Se o parceiro sentir desconforto, o ginecologista pode ajustar o comprimento dos fios”, diz.

Qual é o valor do DIU?

Agora que você já sabe como funciona o DIU, deve estar se perguntando qual o valor para colocar o dispositivo intrauterino.

O valor do DIU varia dependendo do tipo e da região do país. O DIU de cobre costuma ser mais acessível, custando entre R$ 100 e R$ 500 (podendo ser inserido gratuitamente pelo SUS).

Já o DIU hormonal pode custar entre R$ 700 e R$ 1.500. Além disso, é preciso considerar o custo da consulta médica e da inserção, caso não seja feita pelo sistema público de saúde.