Dez unidades socioeducativas do Degase são escaneadas para prevenir e investigar casos de violência cometidos contra jovens internos

Tecnologia revela existência de pontos cegos, onde é necessária a instalação de câmeras de segurança. Mapeamento em 360 graus permite a reconstituição de crimes cometidos dentro das unidades. Nove unidades do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase) já foram escaneadas pelo Ministério Público do Rio. O objetivo do projeto, inédito no país, é prevenir novas ocorrências e investigar casos de violência contra jovens internos dentro dos centros socioeducativos. Nesta quarta-feira, o MPRJ e o Degase assinaram um acordo de cooperação técnica para garantir a integridade física dos adolescentes internos nas unidades socioeducativas.
A Divisão de Evidências Digitais e Tecnologia do MPRJ está realizando o escaneamento da 10ª unidade, em Nova Friburgo, na Região Serrana do Estado. Já foram escaneadas todas as nove unidades localizadas na Capital, Volta Redonda, Belford Roxo e Campos dos Goytacazes.
Com a tecnologia, é possível recriar em detalhes qualquer ambiente dessas unidades em planta tridimensional, com mapeamento em 360 graus. Isso permite a reconstituição de cenas de crimes ou acidentes nessas unidades. O escaneamento também revela existência de pontos cegos, onde é necessária a instalação de câmeras de segurança para prevenir casos de maus-tratos, tortura e estupro contra os adolescentes internos.
“O escaneamento é uma ferramenta tecnológica que possibilita apresentar ao gestor um levantamento de todos os pontos cegos ainda existentes nas unidades e a indicação de locais para instalação de novas câmeras, sempre na busca pela melhoria do sistema de monitoramento do Degase e, especialmente, no combate à violência institucional”, afirmou em entrevista ao g1 o procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos.
Além do escaneamento das unidades socioeducativas, o acordo entre o MPRJ e o Degase prevê uma série de providências. Entre as que deverão ser adotadas pelo Degase, estão a proibição de todas as medidas disciplinares que resultem em tratamento cruel, desumano ou degradante, e a capacitação dos servidores em atuação nas unidades em até três meses.
Já ao MPRJ caberá comunicar à Corregedoria do Degase denúncias recebidas pela Ouvidoria sobre episódios de violência nas unidades socioeducativas, promover palestras de conscientização dos agentes de segurança e demais trabalhadores em atendimento socioeducativo sobre a prevenção e combate à violência, além de fornecer ao Degase os resultados obtidos com os escaneamentos dos centros socioeducativos.
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