Pesquisa de professor da UFU aponta características do solo ártico ‘paradas no tempo’ reveladas pelo aquecimento global


As características foram descobertas durante pesquisa de Eduardo Senra, professor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), durante expedição ao Polo Norte. O estudo analisou o ‘permafrost’, uma camada que era permanentemente congelada, mas está em degelo devido ao aquecimento global.
Reprodução/Arquivo pessoal
Você sabe o que é gênesis do solo? Ou até mesmo que existe uma camada do ártico que fica constantemente congelada? Você sabia ainda que essa camada está descongelando cada vez mais devido ao aquecimento global?
Essas são algumas das perguntas respondidas pelo professor Eduardo Senra. Ele, que é um apaixonado pelo planeta, compõe o núcleo de professores do Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e fez parte de uma expedição ao Polo Norte entre os dias 7 e 20 de junho, que descobriu características do solo ártico que estavam “paradas no tempo”.
“Gênesis do solo é o estudo de como esses tecidos se formam. Esses estudos começaram em 2003 e desde então o grupo vem alçando novos desafios. Com as pesquisas que fazemos, conseguimos traçar não somente a formação de um tipo de solo mas também os fatores ambientais que os influenciam, como o clima, a vegetação, os seres vivos”, explicou o professor.
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🧊História dos solos árticos
Professor Eduardo Senra no Ártico
Reprodução/Arquivo pessoal
Se um vidente prevê o futuro das pessoas, Eduardo vê o presente e o passado dos solos. Com a ciência é possível descobrir as composições dos solos e as histórias que eles contam.
No ártico, o professor trabalhou com a camada chamada ‘permafrost’. Como o próprio nome diz, esse é um tipo de solo que fica permanentemente congelado, ou seja, independentemente da estação do ano, ele estará coberto por gelo.
Eduardo Senra se define como um apaixonado pelo planeta
Reprodução/Arquivo pessoal
De acordo com o pesquisador, a camada esconde verdadeiros tesouros naturais do passado, como plantas, microorganismos e diversos outros seres que podem ter existido em uma época em a raça humana sequer pisava na Terra.
“Estudar essa camada é importante porque monitorando o permafrost conseguimos identificar com que intensidade as alterações climáticas estão afetando as condições do solo. Uma vez que o permafrost perde essa característica de congelamento, diversos materiais orgânicos que estão congelados nele começam a degradar e, consequentemente, liberam CO2, intensificando o efeito estufa. Até então, é como se esses materiais estivessem parados no tempo”, afirmou.
“O que observamos é que assim como os Andes, o Ártico também sofre de uma linha continua de aquecimento e que tem se agravado com o aquecimento global. No futuro pode ser que essa camada não esteja mais congelada”.
🌡️Temperaturas cada vez maiores
A tendência para o futuro é que o permafrost descongele, revelando um cenário até então nunca visto
Reprodução/Arquivo pessoal
O que o gelo esconde? Essa é uma curiosidade que talvez seja respondida no futuro mas que atualmente preocupa cientistas.
Segundo o professor, tudo o que vemos hoje no planeta é um aglomerado de resultados do cenário climático e, conforme o padrão muda, as condições da natureza também sofrem alterações.
“Na medida em que a gente começa a alterar o clima atual, o solo e a paisagem tende a adquirir uma nova estabilidade. Assim, ele começa a expor tudo o que foi aprisionado ao longo dos anos, como é o caso do permafrost no Ártico”, disse.
Independentemente do que for revelado pelo gelo, o desejo de Eduardo é deixar sua marca no mundo.
“A gente está nessa vida de forma efêmera, temos que fazer o possível para deixar uma sementinha que pode prosperar no futuro. Sigo com esse pensamento de estar me dedicando para que de alguma maneira eu possa contribuir para a humanidade e com a ciência planetária”, finalizou.
Eduardo e companheiro de pesquisa no Ártico
Reprodução/Arquivo pessoal
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