Registros de posse de arma crescem 300% no Tocantins em seis anos, aponta Anuário da Segurança Pública


Número de armas saltou de 4,7 mil em 2017 para mais de 18 mil em 2023; dados que preocupam especialistas. Levantamento foi elaborado pelo Fórum da Segurança Pública. Anuário aponta crescimento de 300% no número de registros de armas
Os registros relacionados ao porte de arma de fogo no Tocantins tiveram um aumento de quase 300% nos últimos seis anos. É o que apontou o Anuário Brasileiro da Segurança Pública, levantamento realizado pelo Fórum da Segurança Pública e divulgado no dia 18 de julho.
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Em 2027, havia 4.708 registros de arma de fogo ativos no Sistema Nacional de Armas (SINARM) da Polícia Federal. Em 2023, a quantidade saltou para 18.129, um aumento de 285,1%. Outro dado relevante é o fato de que 96,6% dos registros foram solicitados por homens.
Mortes violentas caem, mas crimes cibernéticos e contra mulheres aumentam no Tocantins, aponta Anuário de Segurança Pública
Registros de arma de fogo passam de 18 mil no Tocantins
Reprodução/TV Anhanguera
No levantamento não há dados divulgados sobre o ano de 2018. Confira os números ano a ano:
Registros de armas de fogo no TO
Ainda segundo o levantamento, a maior parte dessas armas são pistolas, com quase 6 mil unidades em posse de pessoas físicas. A quantidade de rifles, fuzis e carabinas passa de 3,2 mil.
“Em 2017 é criado o porte de trânsito, que permite que o CAC [Certificado de Colecionador, Atirador e Caçador] possa circular armado pelas ruas. Isso faz com que muitas pessoas queiram adquirir arma de fogo e se tornarem CACs não pela arma e pelo direito de se defenderem somente, mas pela vontade de andarem armadas nas ruas”, explicou Roberto Uchôa, conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Depois de 2019, a flexibilização da legislação para o porte agravou ainda mais a situação, completou o conselheiro. “Você dá o acesso à população a armas que antes eram de calibres restritos”.
Muitas armas vão parar na mão de criminosos
O processo para o registro e posse leva cerca de 30 dias e é feito pela Polícia Federal. A maior preocupação dos especialistas é que os dados mostram que a maior parte das mortes violentas no Brasil são causadas por armas de fogo, em 73,6% de todos os casos. Além disso, parte dessas armas registradas vão parar nas mãos de criminosos.
“Seja através do furto e roubo de residências onde tem arma de fogo ou até mesmo pelo desvio, criminosos colocando laranjas para comprar arma de fogo como se fossem pessoas interessadas na defesa pessoal quando na verdade são organizações criminosas se aproveitando dessa facilidade para adquirirem armas que antes eram restritas”, pontuou Roberto Uchôa.
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Apreensões no Tocantins
No Tocantins, um arsenal de armas e munições foi apreendido em abril deste ano pela Polícia Civil, durante operação em Araguaína, no norte do estado, que apura a venda ilegal de armas. Segundo a polícia, o esquema funcionava através do registro de boletins de ocorrência falsos que simulavam o furto ou roubo dos artefatos legalizados por CACs.
Arsenal foi apreendido pela Polícia Civil
PC/Divulgação
Na época, a polícia conseguiu rastrear áudios em que os investigados acreditavam que o esquema não seria descoberto. “Dá em nada não. Falei que isso não ia dar em nada”, disse um dos supostos envolvidos no esquema.
Depois de desviadas, essas armas supostamente seriam vendidas no mercado paralelo. Quatorze pessoas foram levadas para delegacia e pelo menos quatro foram presas. As investigações começaram em outubro do ano passado.
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