Sem chuvas significativas, Rio Acre baixa 23 centímetros em uma semana em Rio Branco


Neste mês, o único dia que choveu foi em 8 de julho. Manancial se encontra abaixo de 4 metros há mais de dois meses na capital acreana. Rio Acre registra o menor nível de 2024 neste sábado (20) em Rio Branco
Andryo Amaral/Rede Amazônica/Arquivo
O nível do Rio Acre, em Rio Branco, segue baixando e permanece abaixo dos 2 metros. Neste sábado (20), a Defesa Civil da capital apontou que a medição atual, feita às 6h, está em 1,61 metros, o nível mais baixo registrado em 2024 até então.
Em uma semana, ou seja, se comparado com o nível marcado no último domingo (14), houve uma queda de 23 centímetros, já que naquele dia, a medição era de 1,84 metros — a segunda maior do mês — e sem registro de nenhuma chuva significativa neste período.
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Em todo o mês, o nível mais alto registrado foi em 3 de julho, com o manancial medindo 1,86 metros em Rio Branco. (Veja medições no gráfico abaixo)
Neste mês, o único dia que choveu foi em 8 de julho, quando houve o registro de 58,6 milímetros na capital. No entanto, em todos os outros, não teve nenhum dia sequer com chuvas. Em junho, o acumulado de chuvas durante todo mês não passou de 21,1 milímetros.
O manancial se encontra abaixo de 4 metros há mais de dois meses. Em junho, o acumulado de chuvas em Rio Branco não passou de 21,1 milímetros. O número representa apenas 34% do total esperado, que era 62 milímetros.
A situação contrasta com a vivenciada entre fevereiro e março, quando o Acre passou pela segunda maior enchente de sua história desde 1971, ano em que a medição começou a ser feita. Na época, a inundação provocada pelo Rio Acre fez com que mais de 11 mil pessoas deixassem suas casas. Agora os acreanos vivem o contrário da cheia.
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Os produtores, por exemplo, relatam que a seca tem atrasado o crescimento das plantações, a exemplo do milho, da macaxeira e da melancia, já que não há chuvas significativas na região.
Baixo nível do Rio Acre já provoca prejuízos para produtores rurais da região
Contingência
O governo do estado decretou, no dia 11 de junho, situação de emergência por conta da seca e emergência ambiental por causa da redução da quantidade de chuvas e riscos de incêndios florestais. Veja detalhes abaixo.
Duas semanas depois, foi montado um gabinete de crise para discutir e tomar as devidas medidas com redução dos índices de chuvas e dos cursos hídricos, bem como do risco de incêndios florestais. O decreto com a criação deste grupo foi publicado no dia 26 de junho, em edição do Diário Oficial do Estado (DOE), e fica em vigência até dia 31 de dezembro deste ano.
Rio Acre apresenta baixa de 12 centímetros este mês em Rio Branco
João Cardoso/Rede Amazônica/Arquivo
No ano passado, o decreto de emergência foi publicado em outubro. O coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Carlos Batista, disse que o plano estadual de contingenciamento já foi elaborado.
No dia 28 de junho, o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, também assinou um decreto de emergência em razão do baixo nível do Rio Acre e da falta de chuvas.
Situação no interior
As cidades de Feijó, Epitaciolândia e Bujari, interior do Acre, decretaram situação de emergência por conta da seca extrema dos rios e igarapés dos municípios. Os decretos foram publicados no Diário Oficial do Estado (DOE) nesta semana.
Os decretos levam em consideração a redução dos níveis dos Rios Acre, Purus, Juruá, Tarauacá, Envira e Iaco, além das previsão climáticas que alertam para falta de chuvas nos próximos 90 dias, prazo dos decretos.
No Bujari, o prefeito João Edvaldo Teles destacou que muitas comunidades já começaram a receber água potável porque os poços artesianos e igarapés secaram. Um dos principais responsáveis pelo abastecimento na cidade é o Igarapé Redenção, que já ficou abaixo de um metro.
Moradores do Bujari também enfrentam problemas no abastecimento de água com o Igarapé Redenção
Arquivo pessoal
Em Feijó, é destacado no decreto que o baixo nível dos rios e igarapés pode causar o isolamento de ribeirinhos e indígenas ‘devido à falta de navegabilidade dos mananciais, ocasionando diversos problemas de abastecimento de alimentos e outros insumos a essas comunidades’.
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Já em Epitaciolândia, que fica na fronteira do Acre com a Bolívia e foi afetada por uma grande cheia no início do ano, o prefeito Sérgio Lopes argumentou no decreto que a falta de água atinge 18 mil moradores nas residências e órgãos públicos.
Em fevereiro deste ano, o Rio Acre em Epitaciolândia ficou acima dos 15 metros. O Igarapé Encrenca no município passa por obras de dragagem para aumentar a capacidade de armazenamento de água e garantir o abastecimento.
Igarapé Encrenca passa por obras durante a seca no Acre, em Epitaciolândia
Divulgação
Seca antecipada
A situação alerta para a possibilidade de um período de seca que, segundo especialistas, pode se antecipar e se tornar cada vez mais frequente em um menor espaço de tempo.
O ano em que o manancial apresentou a menor marca histórica foi em setembro de 2022, quando marcou 1,25 metro. Naquele ano, o rio já estava abaixo dos quatro metros no mês de maio.
O mesmo quadro foi observado em 2016, ano com a segunda pior seca. Em 17 de setembro, o rio atingiu a menor cota histórica da época: 1,30 metro.
Rio Acre na capital abaixo dos 2 metros
Arquivo/Defesa Civil de Rio Branco
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