Mais três cidades do Acre decretam situação de emergência por conta da seca


Feijó, Epitaciolândia e Bujari decretaram situação de emergência por conta da seca extrema dos rios e igarapés dos municípios. Os decretos foram publicados no Diário Oficial do Estado (DOE) e são válidos por 90 dias. Seca no Rio Envira prejudica embarcações e pode deixar ribeirinhos isolados
Maria das Dores/Arquivo pessoal
As cidades de Feijó, Epitaciolândia e Bujari, interior do Acre, decretaram situação de emergência por conta da seca extrema dos rios e igarapés dos municípios. Os decretos foram publicados no Diário Oficial do Estado (DOE) nesta semana.
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O governo do estado decretou, no dia 11 de junho, situação de emergência por conta da seca e emergência ambiental por causa da redução da quantidade de chuvas e riscos de incêndios florestais. Veja detalhes abaixo.
No dia 28 de junho, o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, também assinou um decreto de emergência em razão do baixo nível do Rio Acre e da falta de chuvas.
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Os decretos levam em consideração a redução dos níveis dos Rios Acre, Purus, Juruá, Tarauacá, Envira e Iaco, além das previsão climáticas que alertam para falta de chuvas nos próximos 90 dias, prazo dos decretos.
Bujari
Moradores do Bujari também enfrentam problemas no abastecimento de água
Arquivo pessoal
Na publicação dessa quinta (18), o prefeito do Bujari, João Edvaldo Teles, destacou que muitas comunidades já começaram a receber água potável porque os poços artesianos e igarapés secaram.
Em 2017, com o reservatório que abastecia o município seco, a população enfrentou uma das maiores crises hídricas de sua história. Um dos principais responsáveis pelo abastecimento na cidade é o Igarapé Redenção, que ficou abaixo de um metro.
Em outubro de 2022, mesmo após um novo ponto de captação de água usado para abastecer o reservatório da cidade, a prefeitura decretou situação anormal caracterizada como situação de emergência por causa da crise hídrica iniciada no mês de setembro.
No decreto deste ano, a gestão municipal destaca que as previsões são de poucas chuvas nos próximos três meses. Além disso, com a estiagem, os focos de calor aumentam e as ocorrências de incêndios florestais. “Há os prejuízos econômicos e sociais à população afetada e a imperiosidade de resguardar a dignidade da pessoa humana, com o atendimento de suas necessidade básicas”, diz parte do decreto.
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Feijó
Em Feijó, é destacado no decreto que o baixo nível dos rios e igarapés pode causar o isolamento de ribeirinhos e indígenas ‘devido à falta de navegabilidade dos mananciais, ocasionando diversos problemas de abastecimento de alimentos e outros insumos a essas comunidades’.
Segundo a normativa, a Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil (Compdec) e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) devem atuar junto aos demais órgãos competentes na execução de atividades e ações de socorro às comunidades isoladas, bem como assistência aos ribeirinhos e pescadores que sofrem os efeitos da seca.
“Fica declarada a existência de situação anormal caracterizada como situação de emergência em decorrência do cenário de extrema seca vivenciado e da iminente possibilidade de desastre decorrente da incidência de desabastecimento do sistema de água no âmbito do município de Feijó”, argumenta.
Em fevereiro deste ano, o Rio Envira, que banha o município ultrapassou a cota de transbordo, que é 12 metros. Na época, o Corpo de Bombeiros informou que aldeias indígenas e comunidades ribeirinhas foram afetadas. Famílias da área urbana também foram retiradas de casa.
Epitaciolândia
Igarapé Encrenca passa por obras durante a seca no Acre
Divulgação
A terceira cidade a decretar situação de emergência foi Epitaciolândia, que fica na fronteira do Acre com a Bolívia, e foi afetada por uma grande cheia do Rio Acre no início do ano. Nesta quinta (18), o prefeito Sérgio Lopes argumentou no decreto que a falta de água atinge 18 mil moradores nas residências e órgãos públicos.
“O município de Epitaciolância necessita de apoio para arcar com os custos nas ações de assistência”, afirma na publicação.
Em fevereiro deste ano, o Rio Acre em Epitaciolândia ficou acima dos 15 metros. A cota de transbordo é 11,40 metros e a de alerta 9,80 metros. Dados divulgados pela prefeitura apontaram que 1.754 pessoas ficaram desabrigadas e mais de 2 mil pessoas desalojadas.
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O Igarapé Encrenca no município passa por obras de dragagem para aumentar a capacidade de armazenamento de água e, assim, garantir o abastecimento da população. A obra iniciou em maio e é feita pelo Serviço de Água e Esgoto do Estado do Acre (Saneacre) e o Departamento de Estradas de Rodagem (Deracre).
Contingência
O governo do Acre montou um gabinete de crise para discutir e tomar as devidas medidas com redução dos índices de chuvas e dos cursos hídricos, bem como do risco de incêndios florestais. O decreto com a criação deste grupo foi publicado no dia 26 de junho, em edição do Diário Oficial do Estado (DOE), e fica em vigência até dia 31 de dezembro deste ano.
O Acre decretou, no dia 11 de junho, emergência ambiental por causa da redução da quantidade de chuvas e riscos de incêndios florestais. O decreto de nº 11.492 foi publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) e é válido para os 22 municípios acreanos.
O estado também decretou emergência, no dia 11 de junho, com validade até o fim deste ano. O decreto aponta para o baixo índice de chuvas para o período, aumento das temperaturas e queda nos percentuais de umidade relativa do ar, além do alerta para possível desabastecimento.
No ano passado, o decreto de emergência foi publicado em outubro. O coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Carlos Batista, disse que o plano estadual de contingenciamento já foi elaborado.
“Toda a estrutura da Defesa Civil Estadual, todo o sistema estadual do órgão está de prontidão. Já temos o nosso plano de contingência elaborado, anexo a esse plano, o plano das 22 coordenadorias municipais de Defesa Civil para o enfrentamento dessas ações”, concluiu.
Seca antecipada
Pouco mais meses após o Rio Acre, em Rio Branco (AC), alcançar a segunda maior cota histórica e atingir mais de 70 mil pessoas com uma enchente devastadora, o manancial passou a ficar abaixo dos 4 metros desde o início de abril.
A situação alerta para a possibilidade de um período de seca que, segundo especialistas, pode se antecipar e se tornar cada vez mais frequente em um menor espaço de tempo.
Rio Acre na capital abaixo dos 2 metros
Arquivo/Defesa Civil de Rio Branco
É preciso entender ainda que as chuvas na região precisam estar dentro da normalidade para o rio poder correr normalmente, o que não está sendo o caso do Rio Acre.
O ano em que o manancial apresentou a menor marca histórica foi em setembro de 2022, quando marcou 1,25 metro. Naquele ano, o rio já estava abaixo dos quatro metros no mês de maio.
O mesmo quadro foi observado em 2016, ano com a segunda pior seca. Em 17 de setembro, o rio atingiu a menor cota histórica da época: 1,30 metro.
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