Laudo aponta que menino de 2 anos morreu após trauma no abdômen


A mãe e o padrasto de Kaleb Gabriel dizem que o menino caiu da cama, mas legista diz que lesão não é compatível com esse tipo de acidente. Parentes da criança suspeitam de maus-tratos. Caso é investigado pela polícia. Polícia investiga morte de menino de 2 anos na Zona Norte do Rio
O laudo do Instituto Médico-Legal (IML) apontou que a causa da morte de Kaleb Gabriel da Cruz Lisboa, de apenas 2 anos, foi causada por traumatismo do abdômen com lesão do pâncreas por ação contundente — ou seja, um trauma [uma pancada] na região da barriga. A mãe e o padrasto do menino dizem que o menino caiu da cama. Outros familiares, no entanto, suspeitam de maus-tratos.
De acordo com o legista, o pâncreas chegou a se romper. A lesão, segundo o especialista, não é compatível com uma queda da cama, e o menino não apresentava nenhum ferimento na cabeça. O rompimento pode ter sido causado por conta de algum machucado antigo, mais profundo.
A mãe, Aline Júlia da Cruz Conceição, e o padrasto, Matheus Pereira Rufino Isidoro, disseram que Kaleb brincava com o irmão mais novo, de 11 meses, quando aconteceu o acidente, na última terça-feira (16).
O menino chegou a ser levado para a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Ricardo de Albuquerque e depois para o Hospital Municipal Albert Schweitzer.
Na UPA, a mãe alegou que não havia médicos e equipamentos. Já no hospital da Prefeitura do Rio, a família diz que os especialistas não fizeram os exames necessários e deram alta médica para a criança – que morreria horas depois, na manhã desta quarta (17).
Por conta disso, o padrasto de Kaleb registrou um boletim de ocorrência contra o hospital, por negligência.
A família paterna do menino, no entanto, suspeita que ele fosse vítima de agressões. Na mesma delegacia, a tia registrou um boletim de ocorrência por maus-tratos. A mãe e o padrasto negam.
A Polícia Civil tenta entender em que circunstâncias o menino morreu. Nos próximos dias, a mãe de Kaleb e o padrasto deverão prestar um novo depoimento. Os investigadores querem saber se ele era maltratado.
A perícia feita no corpo da criança será anexada à investigação da 31ª DP (Ricardo de Albuquerque), que apura o caso.
Ainda não há informação sobre o velório e o enterro do pequeno Kaleb. Ele deixa quatro irmãos.
Polícia investiga morte do menino Kaleb Gabriel da Cruz, de 2 anos
Reprodução
Tia relata agressões
De acordo com a tia paterna, quando a família esteve na delegacia, o irmão da mãe da criança contou que o menino era vítima de agressão.
“Ele falou que se a gente gostasse do nosso sobrinho mais novo, o outro filho do meu irmão de 11 meses, era para a gente tirá-lo de lá. Ele disse que o atual namorado da minha ex-cunhada maltratava o Kaleb, batia nele. Ele disse que o atual padrasto não gostava do meu sobrinho e que já tinha presenciado agressões contra ele”, contou a técnica de enfermagem Érica Lisboa dos Santos.
Mãe e padrasto negam maus-tratos
Na manhã desta quinta (18), a mãe e o padrasto de Kaleb estiveram no IML e negaram as acusações dos familiares.
“Eu, como mãe, não ia aceitar ninguém maltratando os meus filhos, ninguém. Nem pai, nem padrasto, nem tia, nem vó, ninguém. Porque eu carreguei nove meses e só eu sei a dor que eu estou sentindo agora”, afirmou Aline.
O padrasto disse que o menino estava normal antes de dormir e pela manhã estava com o corpo frio e não respondia a estímulos. No hospital os médicos teriam dito que não seria necessário fazer raio-x porque a criança já estava morta.
“Eu cuido muito bem desse, quanto do outro. Quando eu cheguei, cheguei amando como se fossem meus filhos. Sempre dei banho, alimentei. Essa hipótese (agressão) você pode descartar”, disse.
A família do pai da criança soube da morte pelas redes sociais, através de post da mãe da criança. O pai de Kaleb morreu assassinado há 5 meses.
“Não sei se ele foi agredido ou não. Mas, não entra na minha cabeça que uma criança morreu porque caiu da cama. O irmão dela (mãe do Kaleb) disse que a cama era baixa e que ele não acreditava também que ele havia caído. Só pedimos que a polícia investigue o que aconteceu”, disse a tia.
O que dizem as unidades de saúde
Em nota, a direção do Hospital Municipal Albert Schweitzer informou que o paciente deu entrada na unidade por volta das 19h de terça-feira (16), com relato de queda da cama. O menino apresentava edema na face esquerda e episódios de vômitos.
“Kaleb ficou em observação por cerca de 4 horas, foi medicado para enjoo e realizou exame de imagem que não apresentou alterações. Após estabilização do quadro, o paciente recebeu alta com as devidas orientações”, explicou a direção do hospital.
A direção da UPA Ricardo de Albuquerque informou que o Kaleb deu entrada na unidade na terça-feira, levado pela mãe e o padrasto.
“Após relato de queda e vômito feito pelos responsáveis, eles foram orientados a permanecer na unidade para que a criança fosse encaminhada com prioridade para exame de tomografia, mas optaram por sair à revelia, ou seja, por conta própria, sem alta dada pela equipe médica. No dia seguinte, a criança retornou à UPA já em óbito. De acordo com o protocolo para esses casos, o corpo foi encaminhado ao IML para análise da causa do óbito”, diz a nota.
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