Pai de médica que morreu em acidente de ambulância 8 meses após formada pede justiça: ‘Ela estava tão feliz’


Outras quatro pessoas também morreram na batida, que aconteceu na BR-040, em Santos Dumont, em dezembro do ano passado. Processo permanece na Justiça e dono da empresa Guardiões Resgate foi denunciado pelo MP por homicídio doloso, quando há intenção de matar. José Manoel, pai de Daniela Moraes, cobra Justiça após filha morrer em acidente com ambulância na BR-040
TV Integração/Reprodução
“Ela estava tão feliz”. O desabafo é de José Manoel Miranda Reis, pai da médica Daniela Moraes Miranda Reis, uma das cinco vítimas do acidente com ambulância que aconteceu no fim do ano passado na BR-040, em Santos Dumont.
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Pela primeira vez, em entrevista à TV Integração, ele se manifestou sobre a tragédia e disse que a filha, que na época tinha 30 anos, conseguiu o trabalho pela Guardiões Resgate, empresa responsável pelo veículo, em um grupo onde serviços freelancers eram oferecidos.
Daniela Moraes estava no início de carreira e havia se formado há apenas oito meses do acidente. “Ela não conhecia a empresa, fez a proposta dela como médica. Sempre aceitava qualquer serviço para salvar vidas, esse era o objetivo dela”, disse.
Daniela Moraes Miranda Reis tinha 30 anos
Arquivo Pessoal
“Ela tinha muito gás, estava sempre disposta a ajudar. Tudo acabou nesse trágico acidente provocado pela empresa”.
Ainda à reportagem, José Manoel reforçou que acredita na Justiça. “Minha filha se formou em medicina para salvar vidas, mas veio alguém que fez exatamente o contrário com ela”, finalizou.
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Ministério Público diz que dono da empresa assumiu risco
Em abril deste ano, o Ministério Público denunciou o dono da Guardiões Resgate, Luciano Serrinha Craveiro, por homicídio doloso e afirmou que ele assumiu o risco de matar, com a intenção de aumentar os lucros.
A denúncia difere do indiciamento da Polícia Civil, que finalizou o inquérito apontando homicídio culposo, quando não há intenção de matar. A investigação também apontou que:
o veículo estava sem licenciamento;
os pneus estavam carecas;
a manutenção do carro era feita em local não apropriado;
o próprio dono atuava como motorista sem poder;
a empresa não tinha responsável técnico;
testemunhas relataram a falta de manutenção dos veículos.
Croqui da cena do acidente com ambulância na BR-040
TV Integração/Reprodução
Segundo a Polícia Rodoviária Federal, a ambulância tinha várias irregularidades, como pneu carecas, multas e falta de licenciamento. Até esta quarta-feira (4), o caso tramitava na Comarca de Santos Dumont.
Luciano Serrinha responde ao processo em liberdade e nunca chegou a ser preso. A reportagem entrou em contato com o advogado da empresa, mas ele preferiu não se posicionar sobre o assunto.
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Na denúncia do Ministério Público, que a TV Integração teve acesso, o órgão destacou o áudio gravado pelo motorista da ambulância no dia do acidente. (Escute acima).
Além disso, a promotoria também cita que o mesmo veículo já havia sido multado por mau estado de conservação. A perícia da Polícia Civil, por sua vez, constatou que essa foi a causa da batida, uma vez que comprometeu a segurança.
Veja abaixo outros pontos destacados pelo MP na denúncia:
Uma testemunha disse que a ambulância já havia apresentado problemas mecânicos, onde a mesma ficou sem freio durante um atendimento e precisou ser guinchada;
A pessoa responsável pela parte mecânica das ambulâncias da empresa também era ajudante de cozinha e limpeza e não tinha uma oficina;
O próprio funcionário teria dito que não tinha o hábito de realizar manutenção preventiva nos veículos;
Já o dono da Guardiões Resgate disse que ele mesmo fazia as inspeções;
A empresa também já foi multa pelo veículo ter sido conduzido por motoristas sem curso especializado para dirigir ambulâncias.
Três mortes na hora e dois óbitos no hospital
Estado que a ambulância ficou depois do acidente na BR-40, em Santos Dumont
Rodrigo Soares/TV Integração
O acidente aconteceu no km 736 da BR-040, em uma curva próximo à lanchonete conhecida como Perobas, em Santos Dumont, no dia 21 de dezembro.
Conforme a PRF, o motorista da ambulância seguia no sentido Rio de Janeiro, quando teria perdido o controle da direção e entrado na pista contrária. O veículo bateu na carreta, com placa de Conselheiro Lafaiete, que estava descarregada. Chovia no momento.
A ambulância fazia o transporte de Maiara de Freitas Cunha, grávida de 32 semanas, que voltava de uma consulta em Belo Horizonte. Ela e o marido, Marcelo Conceição do Santos, chegaram a ser socorridos e levados para o Hospital de Santos Dumont, mas não resistiram aos ferimentos.
Leonardo Luiz Neves da Silva, motorista do veículo, a enfermeira Alessandra Chagas Motta e a médica Daniela Moraes Miranda Reis, morreram na hora.
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