Série ‘Milícias’: combate à lavagem de dinheiro e punição de agentes públicos corruptos são meios de frear crime, segundo especialistas

Jornal Hoje mostra expansão do controle financeiro das milícias em série de reportagens sobre como surgiram e como agem os grupos paramilitares. Controle de territórios pelas milícias no Rio é negócio rentável e político
Autoridades e especialistas explicam que combater a lavagem de dinheiro e punir agentes públicos envolvidos com a milícia são formas de enfraquecer os bandidos que aterrorizam o Rio de Janeiro, como mostra série especial do Jornal Hoje.
O controle ilegal dos territórios passa também no campo político. Milicianos decidem quem pode ou não pedir votos em áreas dominadas. No mês passado, o Procurador Geral do Ministério Público denunciou a deputada Lucinha (PSD), uma das mais antigas do RJ.
Investigadores dizem que ela é chamada de madrinha pelos milicianos e a Polícia Federal diz que ela usou o cargo para favorecer interesses de um grupo a milícia no transporte de vans e na liberdade deles.
Veja os outros episódios da série Milícias:
Primeiro episódio mostra como surgiu a primeira milícia em Rio das Pedras
Segundo episódio revela que até farinha de pão é alvo do monopólio de milicianos
Terceiro episódio conta como o setor imobiliário tem sido explorado pelos bandidos
A deputada chegou a ser afastada do cargo, mas retomou o mandato por decisão da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. A produção do Jornal Hoje fez contato por três dias com a defesa da deputada, mas não teve retorno.
Um levantamento do Jornal Hoje mostra parlamentares da capital e de cinco municípios da Baixada Fluminense investigados por envolvimento com a milícia.
Para os especialistas, o combate às finanças é fundamental para diminuir a força do grupo criminoso.
“Existem balneários pelo Brasil que estão sendo objeto de lavagem de dinheiro através da aquisição de pousadas ou casas de luxo pelos narcomilicianos”, afirma o delegado Gustavo Rodrigues.
Na Polícia Civil, nove servidores respondem por envolvimento com a milícia e dois agentes foram expulsos nos últimos cinco anos. Enquanto isso, na Polícia Militar 74 policiais foram afastados em 10 anos – mais da metade foi alvo de apuração de uma unidade especializada criada há menos de três anos.
Em novembro do ano passado, uma policial dessa unidade foi assassinada na porta de casa e a investigação aponta policiais que ela investigava.
Nos últimos seis anos, o MP denunciou 361 pessoas por envolvimento com milícias – sendo 42 policiais.
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