Pesquisa aponta que 73% dos esportistas do Sul não contaram com incentivo financeiro na infância

Uma pesquisa inédita realizada pela Serasa indica que milhares de crianças e jovens brasileiros com potencial esportivo são obrigados a interromper seu sonho. A realidade das suas famílias muitas vezes faz com que a jornada desses talentos se encerre precocemente.

Entre as barreiras enfrentadas, a falta de incentivos financeiros foi realidade para 74% dos brasileiros que praticaram esportes na infância. O recorte regional seguiu a mesma tendência, com 73% sem incentivos financeiros na região Sul.

A pesquisa “Esportes para todos? O impacto do dinheiro na formação de atletas no Brasil”, realizada pela Serasa em parceria com o instituto de pesquisa Opinion Box, mostrou que 36% dos brasileiros da região Sul tinham o sonho de ser um atleta profissional, porém, apenas 12% deles chegaram a concretizá-lo. E desses, somente 2,1% seguiram no esporte como profissão – 9,9% atingiram o nível profissional, mas não conseguiram se manter na carreira.

“Ao analisar o perfil de quem desejava seguir com o esporte, é possível enxergar as dificuldades enfrentadas relacionadas à desigualdade de gênero”, aponta Patrícia Camillo, gerente da Serasa. “Com menos incentivo às mulheres nesse segmento, o percentual acaba sendo menor. Felizmente, nos últimos anos, temos visto ainda mais exemplos entre atletas femininas que podem inspirar novas esportistas”.

Em todo o Brasil, dentre as camadas sociais, 46% das classes D e E almejaram a carreira esportiva profissional – maior percentual em relação às classes AB e C. “O esporte, muitas vezes, é associado a um sonho e a transformação da vida financeira entre pessoas em situação mais vulnerável financeiramente. Pode ser uma fonte de garantir novas oportunidades não só para quem pratica, mas para toda a sua família”, explica Patrícia.

No Sul, os atletas profissionais que não seguiram na profissão viram a necessidade de focar nos estudos o principal desafio para a carreira esportista (48,95%), seguido por questões financeiras, como ter que trabalhar (37,5%) e falta de dinheiro (29,2%).

Atletas de base do Karatê, de Blumenau. Foto: Reprodução Internet

O peso no bolso do atleta e a superação

Em nível nacional, os gastos com roupas, materiais esportivos, transporte/deslocamento e mensalidade são a realidade de 68% dos atletas. Para 4 em cada 5, os gastos consumiam até 10% da renda familiar mensal, que também deveriam suprir as demandas de outras contas essenciais do dia a dia.

Para 84% dos entrevistados, a superação de inúmeras dificuldades é um fator inerente à realidade dos atletas brasileiros para alcançar a carreira profissional. Como uma das alternativas para mudar o cenário, 69% entendem que ter acesso a crédito é essencial para os atletas conseguirem apoio financeiro para a prática do esporte.

A pesquisa também abordou quais seriam as soluções para se desenhar um cenário mais positivo no engajamento do esporte como uma profissão. Tempo para se dedicar de forma exclusiva aos treinos foi indicada por 59,1% dos entrevistados, seguido da necessidade de bolsa para atletas, apontada por 44,3% dos participantes do estudo.

A Serasa e o instituto de pesquisa Opinion Box coletaram respostas de consumidores em todo o Brasil, por meio de 2.016 entrevistas quantitativas online no painel do Opinion Box, em julho de 2024.

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