Fames-19, Máximus e Timóteo 6:9: entenda o que cada operação da PF investiga no Tocantins e quem são os principais alvos


Inquéritos apuram desvio de verbas públicas, fraude em licitações, corrupção ativa, exploração de prestígio, lavagem de dinheiro e venda de sentenças. Alvos negam participação nos supostos esquemas. Da esquerda para a direita: governador Wanderlei Barbosa, ex-governador Mauro Carlesse e desembargador Helvécio de Brito Maia Neto.He
Reprodução/Divulgação/Montagem g1
As últimas semanas três operações da Polícia Federal (PF) movimentaram os poderes Executivo e Judiciário Tocantins. Políticos, juízes, empresários, assessores e o próprio governador do estado estão entre os alvos de inquéritos que apuram desvio de verbas públicas, fraude em licitações, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, venda de sentenças e outros crimes.
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Veja quem são os principais alvos e o que investiga cada operação.
Fames-19
A PF apura o suposto desvio de dinheiro público por meio da distribuição de cestas básicas durante a pandemia de Covid-19, entre os anos de 2020 e 2021. Houve apreensão de dinheiro no Palácio Araguaia e na casa do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), que é um dos principais alvos. Dois filhos dele e a primeira-dama também são investigados.
O que se sabe sobre operação da PF que investiga desvio de dinheiro na distribuição de cestas básicas no Tocantins
Governador Wanderlei Barbosa é investigado em inquérito federal
Divulgação/Governo do Tocantins
A operação foi autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Políticos, empresários e pessoas ligadas ao poder executivo do Tocantins foram alvos de mandados de busca e apreensão.
Os contratos do governo que estão sendo investigados envolvem a compra de pelo menos 1,6 milhão de cestas básicas. A suspeita da polícia é de que os contratos foram pagos, mas nem todas as cestas foram entregues à população.
Na época, as compras de alimentos e aluguel de caminhões que fizeram a distribuição em todo estado foram realizadas sem licitação, considerando o decreto de emergência estadual.
Caminhões com cestas básicas entregues durante a pandemia
Setas/Governo do Tocantins
Os contratos foram feitos, em tese, durante o governo de Mauro Carlesse (Agir), que tinha Wanderlei Barbosa como vice-governador. Carlese foi afastado do governo em outubro de 2021 em outra investigação do STJ e Wanderlei assumiu o cargo. Nessa época as cestas ainda estavam sendo entregues. Mauro Carlesse não está entre os investigados pela PF e STJ neste inquérito.
Durante as buscas na casa de Wanderlei, os policiais federais encontraram R$ 67,7 mil em espécie, sendo R$ 35,5 mil, 80 euros e US$ 1,1 mil. Já no gabinete dele foram encontrados R$ 32,2 mil e centenas de boletos de contas pagos em lotéricas, tanto do governador, quanto de terceiros.
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O Governo do Estado Tocantins afirmou que colabora com a Polícia Federal nas investigações da Operação Fames-19. “É do interesse do Governo do Estado que tais fatos sejam devidamente esclarecidos”, diz a nota.
O governador Wanderlei Barbosa afirmou que recebeu a operação com supresa e tranquilidade, pois “não era ordenador de nenhuma despesa relacionada ao programa de cestas básicas no período da pandemia”.
Operação Máximus
Helvécio de Brito Maia Neto foi presidente do TJ em 2019
Divulgação/Tribunal de Justiça
A operação Máximus investiga o suposto esquema de venda de sentenças dentro do Poder Judiciário. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou o afastamento do desembargador Helvécio de Brito Maia Neto e do juiz José Maria Lima, ouvidor do Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
A decisão que autorizou a operação aponta Helvécio como principal vínculo entre os investigados no esquema. A investigação apura os crimes de corrupção ativa, exploração de prestígio, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
O que se sabe sobre o suposto esquema de venda de sentenças que afastou desembargador e juiz do Tocantins
Dois mandados de prisão preventiva e 60 mandados de busca e apreensão foram cumpridos no Tocantins e em outros estados, inclusive no Fórum de Palmas e na sede do Tribunal de Justiça.
Também foram determinadas medidas cautelares como o afastamento de cargo público, o sequestro e a indisponibilidade de bens, direitos e valores dos envolvidos.
STJ afasta desembargador e juiz ouvidor do TRE dentro de operação da PF; saiba mais
Thales André Pereira Maia, filho do desembargador Helvécio de Brito, está entre os presos. Ele era assessor do senador Eduardo Gomes (PL) e foi exonerado do cargo após a prisão. Thiago Sulino de Castro, que é advogado, acabou sendo preso por ter ligações com o gabinete de uma desembargadora.
No endereço do desembargador João Rigo Guimarães, em Araguaína, foram recolhidas pelo menos duas armas longas. Ele é ex-presidente do TJTO e atualmente ocupa o cargo de presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Tocantins (TRE).
Agentes da PF deixando casa do desembargador João Rigo com armas
Claudemir Macedo/TV Anhanguera
A defesa de Helvécio e do filho não quis se posicionar sobre a operação. O g1 não conseguiu contato com a defesa do juiz ouvidor do TRE. A defesa de Thiago Sulino informou que ainda não teve acesso aos autos e por isso não iria se manifestar.
O g1 ainda não conseguiu contato com a defesa do desembargador João Rigo. O Poder Judiciário do Tocantins (PJTO) afirmou que repassou todas as informações necessárias e está à disposição para prestar os esclarecimentos necessários.
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Timóteo 6:9
Ex-governador do Tocantins Mauro Carlesse
Esequias Araújo/Governo do Tocantins
A operação Timóteo 6:9 investiga suposta fraude em contratos da extinta Secretaria de Infraestrutura, Cidades e Habitação do Estado do Tocantins e na Agência Tocantinense de Transportes e Obras (Ageto). O ex-governador do Tocantins Mauro Carlesse (Agir) é alvo da operação, pois as fraudes teriam acontecido durante o mandato dele.
Operação da PF investiga suposta fraude em contratos de secretaria do governo do Tocantins
A ação investiga possíveis crimes de fraude à licitação, que teriam ocorrido em 2018. Foram cumpridos 30 mandados de busca e apreensão em Palmas, Gurupi e Dianópolis. São investigados os crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Conforme a PF, dois contratos assinados somam mais de R$ 10 milhões. A suposta licitação tinha por objetivo a contratação de empresa especializada na prestação de serviços de locação de máquinas pesadas e caminhões. Também previa o fornecimento de combustível e a manutenção preventiva e corretiva para atender os escritórios da Ageto.
A suspeita é de que durante a gestão de ex-governado Mauro Carlesse, houve pagamento a serviços que não foram executados integralmente. Um Camaro foi apreendido pelos policiais no prédio do ex-governador, mas a PF não divulgou se o carro pertence a ele.
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Sobre a operação, Mauro Carlesse disse que não teve acesso à decisão, mas que a licitação citada foi iniciada no governo de Marcelo Miranda. Em nota o governo do Tocantins informou que as secretarias colaboram com a Polícia Federal.
Em resposta ao posicionamento de Mauro Carlesse, o ex-governador Marcelo Miranda alega que a sua gestão não tem nenhuma relação com a investigação. “Não tem nada que fale que foi no meu governo que iniciou esse processo licitatório. Eu repudio essas acusações levianas do ex-governador”, disse.
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