Caso Binho do Quilombo: suspeito de matar líder quilombola é preso


Mandado de prisão foi cumprido nesta quarta-feira (20), em shopping de Salvador, sete anos após o crime. Binho era filho de Mãe Bernadete, também assassinada em agosto de 2023. Binho do Quilombo foi morto a tiros em 2017
Reprodução/Redes Sociais
Um homem foi preso nesta quarta-feira (17), suspeito de envolvimento na morte do líder quilombola Flávio Gabriel Pacífico dos Santos. O assassinato de Binho do Quilombo, como o homem era mais conhecido, ocorreu em setembro de 2017, em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador (RMS).
Binho era filho de Mãe Bernadete, também assassinada em agosto de 2023. [Relembre o caso abaixo]
Quem era Bernadete Pacífico e o que se sabe sobre seu assassinato
Suspeitos de envolvimento na morte da líder quilombola Mãe Bernadete são incluídos em lista dos mais perigosos da BA
A prisão foi confirmada pelo advogado que representa a família de Binho, Hédio Silva Júnior.
Informações iniciais indicam que o suspeito foi localizado pela Polícia Federal na praça de alimentação do Salvador Shopping, na capital baiana. O homem teria sido encaminhado para a sede da Polícia Federal, no bairro Água de Meninos.
O g1 e a TV Bahia tentam apurar mais detalhes com a assessoria de comunicação da PF e aguardam retorno.
Relembre o crime
Binho do Quilombo foi morto a tiros dentro do carro dele, na manhã de 19 de setembro. O crime ocorreu no Território Quilombola de Pitanga dos Palmares, na zona rural do município.
De acordo com a polícia, a vítima foi surpreendida por criminosos armados, que se aproximaram, atiraram nele e, em seguida, fugiram. Ainda não há informações sobre a motivação do crime.
Morte de Mãe Bernadete
A ialorixá e também liderança quilombola Mãe Bernadete foi assassinada a tiros na noite de 17 de agosto de 2023. O crime foi relatado à polícia pelo neto dela, Wellington Gabriel de Jesus dos Santos, de 22 anos, que fazia companhia a avó no momento do crime.
Mãe Bernadete foi assassinada a tiros na noite de 17 de agosto de 2023.
Jornal Nacional/ Reprodução
Além dele, dois primos adolescentes de 12 e 13 anos estavam no local quando os suspeitos invadiram. Antes de matar a mulher, os homens roubaram os celulares dela e dos netos, o que a fez questionar se a ocorrência seria um assalto.
A linha de investigação mais destacada pela Polícia Civil, no entanto, é de uma disputa com facções criminosas. A ialorixá se opunha ao avanço do tráfico de drogas na região do Quilombo Pitanga de Palmares, Área de Proteção Ambiental (APA), onde ela morava.
A família refuta essa hipótese. O advogado David Mendez, que representa os parentes, disse que Mãe Bernadete era ameaçada por madeireiros que atuavam na região por fazer denúncias contra eles. A extração de madeira é ilegal na comunidade.
Prisões e buscas
Ainda em 2023, três suspeitos foram presos por envolvimento no homicídio. Um deles é suspeito de ser o mandante do crime, o segundo de guardar as armas usadas no assassinato e o terceiro por receptação dos celulares da líder quilombola e de seus familiares.
LEIA MAIS
Bernadete Pacífico: governador diz que principal tese da Polícia Civil para morte de líder quilombola é disputa de facções criminosas
Bernadete Pacífico, quilombola assassinada na Bahia, estava sob proteção da polícia: ‘que segurança é essa?’, questiona advogado
Já em abril deste ano, outros três suspeitos foram incluídos no Baralho do Crime, catálogo da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), que reúne informações sobre os foragidos considerados os mais perigosos da Bahia.
Histórico de ameaças
Familiares relataram que Mãe Bernadete sofria ameaças há pelo menos dois meses antes do assassinato. Ela falou sobre isso durante um encontro com a então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, em julho de 2022.
À polícia, o jovem Wellington contou que a ialorixá passou a ter “muitos medos” após a morte de Binho do Quilombo, pai dele.
Segundo o governo da Bahia, na época, a líder quilombola passou a fazer parte do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH) do governo federal, executado na Bahia pela Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), após o assassinato do filho, em 2017. De acordo com familiares, ela estava sob proteção da Polícia Militar, por meio da SJDH, há pelo menos dois anos antes do crime.
O programa de proteção, com rondas e câmeras instaladas no quilombo, não impediu o crime contra a liderança.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.