PM acusado de matar MC Primo é absolvido por júri popular no litoral de SP; entenda


Réu estava preso pelo crime que ocorreu há 12 anos, em São Vicente (SP). Acusado de matar MC Primo (à esquerda) foi absolvido em julgamento no Fórum de São Vicente (SP)
Reprodução/Instagram e Alexsander Ferraz/Jornal A Tribuna
Anderson de Oliveira Freitas, o policial militar acusado de matar o cantor MC Primo, foi absolvido pelo Tribunal de Justiça após passar um ano e sete meses preso pelo crime. A morte do funkeiro ocorreu em frente à casa dele em 2012. O júri popular ocorreu no Fórum de São Vicente, no litoral de São Paulo.
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Jadielson da Silva Almeida, conhecido como MC Primo, foi abordado por criminosos em uma motocicleta e um carro branco quando chegava em casa, no bairro Jóquei Clube, em abril de 2012. Ele foi atingido por pelo menos 11 disparos e chegou a ser socorrido, mas não resistiu.
O julgamento chegou a ter início no dia 14 de maio, mas foi suspenso após a defesa do réu abandonar o plenário. Na ocasião, testemunhas e o próprio acusado prestaram depoimentos. A audiência foi remarcada para 10h de terça-feira. O júri recomeçou do zero e todos foram ouvidos novamente.
A maioria dos jurados votou pela absolvição durante julgamento na terça-feira (16). De acordo com a TV Tribuna, afiliada da Globo, uma testemunha protegida foi ouvida, além da mãe da vítima, um major da Polícia Militar, o pai e a esposa do réu.
A defesa de Anderson ainda levou um assistente técnico, que apresentou um documento alegando que a bala, relacionada ao policial na investigação, não era de Anderson. O parecer ainda apontava quebra de cadeia de custódia, ou seja, interrupção da lógica da sucessão das provas.
Conforme a defesa, a arma que teria sido usada no crime ficou desaparecida quando, na verdade, estava na Sede do CPI6 da Ponta da Praia, em Santos. A acusação contestou a versão e alegou que uma perícia oficial da polícia foi realizada na época do crime.
Segundo o assistente de acusação Eugênio Malasavi, o objetivo era que o acusado fosse condenado por homicídio qualificado, podendo ser condenado de 12 a 30 anos. Em contrapartida, o advogado de defesa Emerson Lima Tauyl alegou inocência do réu.
Ao fim da audiência, a maioria do júri decidiu pela absolvição por entender haver falta de provas suficientes para condenação de Anderson. Ele trabalhava como policial militar até ser preso no Presídio Militar Romão Gomes, na capital paulista.
Recurso
Ao g1, Eugênio Malavasi informou que a acusação já entrou com recurso pedindo a anulação do julgamento. “Os jurados decidiram afrontando o laudo de confronto balístico e o reconhecimento pessoal da testemunha protegida”, disse, em nota.
“A gente ficou sem resposta. Um dia vai vir Justiça, não sei quando, tenho nem ideia. Mas, Deus vai me mostrar”, lamentou a mãe da vítima, Maria Silene da Silva, em entrevista à TV Tribuna, afiliada da Globo.
Investigação
Em dezembro de 2022, o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) apresentou uma denúncia na qual um exame pericial comprovou que um dos 11 projéteis que atingiram a vítima saiu da arma de fogo de Anderson, que teve a prisão preventiva decretada.
Conforme apurado pelo g1 na época, ao ser interrogado em juízo, o acusado negou o crime descrito na denúncia e disse que não trabalhou como PM na data dos fatos, pois era folga dele. Ele ainda declarou que não conhecia a vítima antes dos fatos serem veiculados.
O juiz, porém, relatou na sentença que Anderson foi visto cumprimentando MC Primo horas antes do crime. Ainda de acordo com o documento apresentado pelo MP-SP, a “execução foi realizada por grupo criminoso armado”, mas, até o momento, “apenas um dos criminosos foi identificado, tratando-se de um policial militar”.
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