Rio Preto registra aumento no número de crianças e adolescentes atendidos pelo Caps


Em cinco meses, os três Caps registraram mais de quatro mil atendimentos. No Hospital Bezerra de Menezes, em um ano, houve um aumento de mais de 145% nos atendimentos. Hospital psiquiátrico ‘Bezerra de Menezes’ registra atendimento de crianças
São José do Rio Preto (SP) registrou aumento no número de crianças e adolescentes atendidos nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) por transtornos psicológicos nos primeiros cinco meses deste ano, se comparado com o mesmo período de 2023.
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A Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica o Brasil como o país mais ansioso do mundo. Com relação aos estudantes, os números também são preocupantes: 45% dos alunos foram diagnosticados com ansiedade generalizada e 17% com depressão durante o primeiro ano da pandemia, em 2020. Os dados são da pesquisa “Saúde Mental dos Educadores”, feita em 2022.
Conforme dados obtidos pela TV TEM, de janeiro a maio deste ano, os três Caps infantis de Rio Preto – das regiões Sul, Centr o e Norte -, registraram mais de quatro mil atendimentos. Somente na unidade do Centro foram 1.608. Veja no gráfico abaixo:

À reportagem, a gerente do Caps Centro, Cristiane Amaral, explicou que todos os casos que envolvem a saúde mental são discutidos por uma equipe técnica que define o plano de atendimento. Os pacientes podem ser encaminhados pela rede pública, particular ou demanda espontânea.
“Nós temos observado, além do aumento da quantidade na procura pelo serviço, o aumento da gravidade dos casos. São os sintomas de psicose, depressões graves, ansiedade graves, tentativas de suicídio. Ele não sai daqui sem uma resposta”, explica a gerente.
Hospital Bezerra de Menezes em Rio Preto (SP)
Reprodução/TV TEM
Casos mais graves, no entanto, são encaminhados para o Hospital Bezerra de Menezes. De junho de 2023 até o mesmo mês deste ano, 54 adolescentes de 12 a 18 anos foram atendimentos com problemas como tentativa de suicídio, automutilação e uso excessivo de medicamentos. Se comparado ao mesmo período entre 2022 e 2023, foram 22 internações neste período – um aumento de mais de 145%.

Além das internações, o hospital também recebe um setor de emergência que atende crianças. De junho do ano passado até o mesmo mês neste ano, mais de 930 pacientes foram atendidos no local.
O Bezerra de Menezes tem convênio com a prefeitura e conta com cinco leitos de internação para menores de 18 anos. Os pacientes chegam por encaminhamento ou demanda espontânea e podem ficar internados por até três meses junto de um responsável.
Caps Infantil Central de Rio Preto (SP)
Reprodução/TV TEM
Conforme o médico Júlio César de Souza, do hospital Bezerra de Menezes, tratar a saúde mental na infância evita recaídas na fase adulta. Quadros de ansiedade e depressão devem ser diagnosticados o quanto antes para o início do tratamento. Segundo ele, a chance de recuperação para os internados é de 90%.
“Descobrindo o diagnóstico, hoje a gente consegue fazer o tratamento com base no medicamentoso e psicoterápico. Então, temos uma equipe formada por psicólogos, terapeutas ocupacionais, uma equipe multidisciplinar, para reabilitação do adolescente”, detalha o médico.
Atenção aos sinais
A orientação da escola foi fundamental para que uma mãe, que optou por não se identificar, buscasse tratamento para o filho. Ela contou à TV TEM que o menino sempre foi agitado, mas foi na sala de aula que a hiperatividade virou problema.
“Ele era uma criança muito agitada, não parava quieta. Dava trabalho na escola, sempre nota baixa. Não deixava os alunos estudarem, era muita briga, muita confusão. Eu tinha que ir todos os dias à escola. A diretora me ligava”, lembra a mãe.
Mão de criança em atendimento no Caps de Rio Preto (SP)
Reprodução/TV TEM
Desde que procurou ajuda no Caps, o menino participa de atividades terapêuticas em grupo com outras crianças. Ele também tem o acompanhamento de um psicólogo e um psiquiatra.
“Ele vai uma vez por semana, a medicação me ajudou bastante. Hoje, ele tira nota boa, não vou na escola, não preciso me preocupar. Ele é mais calmo. A ansiedade dele acabou. Ele dorme. Antigamente ele não dormia à noite, chorava muito, não queria ir para a escola”, celebra a mãe.
Famílias procuram atendimento no Caps para crianças e adolescentes em Rio Preto (SP)
Reprodução/TV TEM
Outra mulher, que também não será identificada, buscou no Caps a ajuda que precisava para a filha de 11 anos, que desenvolveu um quadro de depressão e automutilação. Os sintomas, conforme ela, pioraram quando a criança foi forçada a ir para a escola.
A menina foi encaminhada para o Caps há dois meses, e começou o tratamento com médico e psicólogo. “Ela gosta de estudar, na escola ela fala que não consegue acompanhar e se sente mal”, salienta a mãe.
Tratamento
Gerente do Caps Central de São José do Rio Preto (SP), Cristiane Amaral
Reprodução/TV TEM
Ainda de acordo com a gerente do Caps Central, os casos mais graves encaminhados ao Bezerra de Menezes possuem prioridade e não precisam aguardar para o tratamento.
“Os casos de tentativa de suicídio são vaga 0, assim que a gente recebe, a gente faz o contato, a busca ativa e o início do tratamento é imediato. Quando a família participa conosco, a evolução do quadro da criança é muito mais rápida”, reforça a gerente.
Psicóloga do Caps, Amanda Martins, em São José do Rio Preto (SP)
Reprodução/TV TEM
A psicóloga do Caps, Amanda Martins, explicou que é importante perceber as alterações no humor da criança ou adolescente, bem como mudanças de comportamento que podem estar associadas a situações de estresse.
“Uma criança que era muito comunicativa, começa a ficar isolada, irritada, se afasta das amizades, isso pode ser um indicativo que ela está em sofrimento. As crianças têm reações emocionais e não qualquer mudança que é patológica, por isso observar se isso está trazendo prejuízos para a vida da criança e com avaliação de um profissional”, reforça a psicóloga.
Com relação ao tratamento na rede pública, a gerente do departamento da saúde mental, Daniela Terada, explica que basta a família levar o paciente a uma Unidade Básica de Saúde (UBS) para início do tratamento.
“A consulta médica é a porta de entrada, depois nós temos ofertas dentro da atenção primária, desde a psicologia, atividades físicas para balancear o estresse, melhorar o humor. Temos ofertas dentro da cultura, do esporte, e todas complementam o acompanhamento, conforme necessidade de cada um”, reforça a gerente.
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