Ex-porta voz da PM é exonerado do comando de batalhão de Botafogo após ação suspeita e confusão em prédio residencial do bairro; VÍDEO


Tenente coronel, que estava sem camisa e com um copo na mão, disse que foi investigar denúncia de que o traficante Peixão estaria no local. Após a confusão, com direito a porteiro rendido, moradores ligaram para a PM, e Blaz deixou o local sem prisões. Corregedoria apura. Comandante de batalhão é afastado após denúncia de invasão de prédio na Zona Sul do Rio
O tenente coronel Ivan Blaz, ex-porta voz da Polícia Militar, foi exonerado nesta sexta-feira (17) do cargo de comandante do 2º BPM (Botafogo), que ocupava desde o fim de 2024.
O g1 apurou que a decisão foi tomada após uma ação do PM, que causou uma confusão em um prédio residencial na Avenida Rui Barbosa, no Flamengo, em 10 de janeiro. A Corregedoria Geral de Polícia Militar instaurou um inquérito para apurar os fatos.
Blaz alega que queria prender um traficante após uma denúncia anônima de que o criminoso estaria em um dos apartamentos do prédio.
Segundo a denúncia anônima, enviada ao g1, o traficante Peixão estaria na casa do pai, um senhor de 70 anos, no condomínio. O documento compartilhado pelo PM mostra que a denúncia foi feita às 15h58 do dia 10 de janeiro.
No documento não consta o nome completo do suposto traficante, mas o apelido é o mesmo de um dos mais procurados do Rio, Álvaro Malaquias Santa Rosa.
Uma hora depois, Blaz foi até o local, acompanhado de uma mulher, que também seria policial. Ambos estavam à paisana, ou seja, sem o uniforme policial. Blaz estava de bermuda e com a camisa amarrada na cabeça.
Câmeras gravaram a ação
Vídeos de câmeras de segurança mostram o policial na calçada com a mulher. Durante um tempo, ele bebe, mexe no celular e beija a moça. Depois de cerca de 5 minutos, ele se dirige para a portaria, acompanhado da mulher, que segura uma latinha.
Outro vídeo, gravado por um morador, mostra o momento em que o porteiro está rendido com o rosto no chão e a mulher em cima dele. O policial diz: “você está na sacanagem, você sabe”.
O funcionário nega, e depois a mulher afirma: “Deixa que na hora certa você vai falar, a hora de você colaborar passou”.
De acordo com a administração do prédio, os dois seguiram vasculhando o local e invadiram o apartamento da síndica. A nota de esclarecimento diz ainda que eles estavam armados e se aproveitaram do momento de saída de funcionários para render o porteiro.
“Após ingressarem na área comum, os invasores se identificaram como policiais à paisana e que, em razão de uma denúncia anônima, estariam atrás de um traficante que, supostamente, estaria em um dos apartamentos. Sem saber o que estava acontecendo, e assustados com os barulhos e as vozes vindos da garagem do prédio, moradores acionaram a polícia através do 190”, diz o posicionamento.
Ninguém foi preso
Segundo a administração, com a chegada de policiais fardados os dois foram embora. Ninguém foi preso.
O g1 entrou em contato com Blaz, mas ele falou que não poderia dar entrevistas. No entanto, disse que esteve no local na intenção de prender um criminoso.
Transferência
Exonerado do cargo de comandante, Blaz foi transferido para a Diretoria Geral de Pessoal, segundo consta no boletim interno da PM.
Em nota, a PM informou “que, ao tomar conhecimento dos fatos, o secretário de Estado de Polícia Militar exonerou o referido oficial do cargo de Comandante do 2º BPM (Botafogo) e o transferiu”.
Ivan Blaz foi porta-voz da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, major Ivan Blaz
Reprodução/ TV Globo
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